Folha de S. Paulo


Rússia condiciona menção ao uso da força em resolução contra Síria

O vice-chanceler da Rússia, Sergei Ryabkov, afirmou nesta terça-feira que o país permitiria a menção ao uso da força militar contra a Síria em uma resolução sobre a entrega das armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad. Porém, a medida punitiva não pode ser automática, como querem os países ocidentais.

A declaração mostra a continuidade do impasse entre Moscou, que apoia Assad, e Estados Unidos, França e Reino Unido, que defendem uma intervenção militar na Síria. Os três países acusam o regime sírio de fazer um ataque químico que deixou centenas de mortos na periferia de Damasco, em 21 de agosto.

Segundo Washington, o bombardeio deixou 1.400 mortos, sendo 400 crianças. Na semana passada, a ONU confirmou que foi usado gás sarin na ação, mas não confirmou quem foi o responsável. A Rússia acusa os rebeldes de terem feito o ataque como uma forma de provocação.

Em discurso no Parlamento russo, Ryabkov reiterou que Moscou não aceitará qualquer resolução que imponha medidas punitivas automáticas se Damasco não cumprir com o acordo sobre as armas químicas. A intervenção militar deve ser apenas mencionada, na opinião russa.

Para o Kremlin, o uso da força precisa ser submetido a uma segunda resolução, a ser votada no Conselho de Segurança caso Damasco viole o acordo. Moscou tem poder de veto na instância da ONU e em duas ocasiões vetou resoluções com medidas punitivas a Assad.

O vice-chanceler diz esperar um consenso no Conselho de Segurança da ONU, embora ainda não tenha garantias, e confirmou que os investigadores de armas químicas da ONU devem retornar à Síria na quarta-feira (25) para continuar a investigação sobre supostos ataques com essas armas no país.

"Estamos satisfeitos que nossos apelos persistentes para o retorno dos especialistas da ONU à Síria para investigar outros episódios tenham dado fruto".

A entrega de armas químicas pela Síria deverá ser um dos assuntos discutidos pelas delegações que vão à Assembleia-Geral da ONU, que começa nesta terça. A crise no país árabe deve ser levantada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que discursa após a presidente Dilma Rousseff.


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