Folha de S. Paulo


Presidente Santos forma ministério "de paz e união" na Colômbia

O presidente colombiano Juan Manuel Santos apontou cinco novos ministros na quinta-feira, a fim de fortalecer seu governo antes da eleição presidencial do ano que vem e depois de pesadas críticas pelo tratamento das autoridades a um protesto do setor agrícola, que se tornou violento na semana passada.

Santos definiu a nova formação do ministério como "gabinete de paz e unidade", e apelou a cada um dos novos ministros que o ajude a pôr fim às cinco décadas de guerra entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e a resolver os problemas do setor agrícola.

Embora Santos ainda não tenha anunciado se disputará um segundo mandato no ano que vem, sua reeleição se tornou mais difícil nas últimas semanas e depende de garantir a paz com a

Farc, uma organização marxista, nas negociações em curso em Cuba.

"Construir a paz requererá grande mobilização entre os cidadãos, requererá participação em novas áreas para planejar e executar os acordos fechados em Havana" com as Farc, disse Santos, 62, depois de apresentar sua nova equipe no palácio presidencial.

O ministério apresentou sua renúncia coletiva na segunda-feira, o que é procedimento padrão quanto o presidente planeja uma reforma ministerial.

Santos apontou Amylkar Acosta como ministro da Energia, Aurelio Iragorri como ministro do Interior, Alfonso Gomez Mendez como ministro da Justiça, Ruben Dario Risaralde como ministro da Agricultura e Luz Helena Sarmiento como ministra do Meio Ambiente.

O ministro das Finanças Mauricio Cardenas manteve o posto, como o ministro da Defesa Juan Carlos Pinzon e a ministra do Exterior Maria Angela Holguin.

As mudanças no comando de ministérios como o da Agricultura e Energia provavelmente têm por objetivo acalmar os ânimos depois das disputas trabalhistas que surgiram nas vastas áreas rurais colombianas e no setor de mineração.

QUEDA NA APROVAÇÃO

A reforma ministerial surge dias depois que Santos se viu forçado a usar soldados para patrulhar as ruas de Bogotá quando protestos liderados por agricultores se tornaram violentos e causaram devastação em toda a capital. A disputa nacional causou cinco mortes.

"Temos de fazer uma coisa que não foi feita em 80 anos", disse Santos, de centro-direita e herdeiro de uma das mais poderosas famílias colombianas. "Precisamos de uma revolução agrária".

A aprovação a Santos despencou na última pesquisa de opinião pública, realizada no momento mais intenso dos protestos, e em função da percepção dos colombianos quanto à falta de avanço nas negociações com as Farc.

A aprovação a Santos caiu a menos da metade, de 48% no final de junho a 21% na pesquisa mais recente.

Sua popularidade disparou quando ele anunciou as negociações com as Farc, que sustenta suas atividades por meio de tráfico de drogas, mas a paciência do público desapareceu, mais tarde, e os líderes rebeldes ganharam destaque com pronunciamentos televisados, mas mantêm os ataques contra alvos militares e econômicos.

Ainda assim, os rebeldes têm muito a perder caso Santos não mantenha a presidência no ano que vem. Seu predecessor, Alvaro Uribe, aliado tornado adversário, passou os últimos anos preparando candidatos para a eleição de maio.

Uribe, ainda popular, cujo pai foi morto em uma tentativa fracassada de sequestro pelas Farc, foi responsável por alguns dos golpes mais duros contra os rebeldes e quase certamente defende o fim das negociações em Havana.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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