Folha de S. Paulo


ONU descarta relatório preliminar sobre ataque químico na Síria

A ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou nesta sexta-feira que não será apresentado um relatório preliminar da missão de inspetores que investiga o uso de armas químicas na Síria. A missão deve deixar Damasco no sábado (31), após quatro dias de investigação.

Os observadores chegaram à Síria no último dia 18, com o objetivo de avaliar três acusações do regime de Bashar al-Assad sobre ataques químicos dos rebeldes. Três dias depois, no entanto, se viram envolvidos em uma acusação rebelde de uso de gás venenoso na periferia de Damasco, no dia 21.

Estados Unidos, Reino Unido e França também acusaram Assad e ameaçaram retaliar o governo sírio. Nesta sexta, Washington afirmou ter provas contundentes de que Damasco fez o ataque que, para os americanos, deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças.

Nesta sexta, o porta-voz da ONU, Martin Nesirky, afirmou que as informações sobre um relatório preliminar são falsas e que o documento tem todas as provas recolhidas. Ele explicou que são necessárias análises científicas, um processo que descreveu como complexo e deve acontecer em laboratórios na Europa.

Devido a essas análises, a data em que sairá o informe ainda não foi definida, embora Nesirky tenha dito que seria feito "o mais rápido possível". No sábado, os inspetores deverão ir a Haia, sede da Organização para a Proibição de Armas Químicas, para levar as amostras a laboratórios.

Por sua vez, a alta representante para Assuntos de Desarmamento, Angela Kane, já deixou a Síria com destino a Nova York, onde amanhã terá um encontro com o secretário-geral para falar sobre o trabalho dos inspetores.

SÍRIA

A declaração é uma resposta a declarações da Rússia e da Síria, que rejeitariam qualquer relatório parcial antes do fim da visita dos inspetores. Moscou e Damasco também pediram visita à zona nas quais soldados sírios dizem ter sido afetados por gases tóxicos.

Nesta sexta, os agentes internacionais foram a um hospital militar para ver alguns militares internados que o regime sírio diz terem sido expostos a um ataque químico feito por rebeldes na cidade de Jobar, também na periferia de Damasco, no último sábado (24).

A imprensa oficial disse que alguns soldados inalaram fumaça depois de encontrar agentes químicos em um túnel que tinha sido usado por insurgentes. Segundo a agência de notícias Sana, os militares "sofreram casos de asfixia".

As imagens da TV estatal não pareciam mostrar evidências de armas químicas. Foram exibidos cinco tambores azuis e verdes de plástico, normalmente utilizados para o transporte de óleo, alinhados na parede de uma sala, e várias granadas e morteiros enferrujados.

Nos outros dias, os especialistas visitaram os subúrbios de Mouadimiya, Zamalka e Ain Tarma, ambos na área de Ghouta e dominados pelos rebeldes. Eles conversaram com médicos do Crescente Vermelho e supostas vítimas, além de recolher material militar na região para análise.


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