Folha de S. Paulo


Bolívia diz que fuga de senador é 'agressão' que 'atrasa' relações com Brasil

O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano, classificou nesta terça-feira (27) a saída do senador boliviano Roger Molina daquele país como uma "agressão" a acordos diplomáticos e à soberania do país.

"É uma agressão, é um ato inamistoso que atrasa as relações. Era para eu estar me reunindo com o Itamaraty para tratar de outros assuntos e não disso", afirmou o embaixador. "Houve desrespeito a acordos internacionais e de reciprocidade", completou.

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Justiniano disse que a fuga de Molina é um problema "isolado" que não abala a relação entre os dois países, que continuam "irmãos". "As relações nunca estiveram ameaçadas. Temos muitos assuntos bilaterais a resolver".

O embaixador disse ainda que não houve "falha" na demora em resolver o destino de Roger Pinto, que ficou na embaixada brasileira por mais de 400 dias. "Não houve falha. Formamos uma comissão bilateral que estava buscando uma solução. Diplomacia não é tempo, é resultado", afirmou.

Jerjes Justiano afirmou que, para a Bolívia, Roger Pinto é um fugitivo. "É um direito do Brasil dar o asilo e é um direto da Bolívia não dar um salvo-conduto. No momento que ele abandona a embaixada, ele perde o direito de asilo. Ele já pediu refúgio e quem tem que determinar isso é o Brasil", disse. "Neste momento ele é um refugiado. Quando ele entrou no Brasil um refúgio territorial e ele está nesta qualidade. Quem vai decidir é a autoridade brasileira".

O embaixador contou que a Bolívia cobrou explicações formais sobre o caso e aguarda uma resposta. "Esperamos uma solução que nenhum dos dois saia agredidos. Há muito interesse político para que Brasil e Bolívia tenha uma má relação, mas vamos reforçar nossa irmandade".

APOIO

O embaixador boliviano se reuniu nesta terça-feira com deputados do PSOL e do PT, que apoiaram o país e criticaram o diplomata brasileiro Eduardo Saboia, que trouxe o senador boliviano Roger Molina da embaixada brasileira naquele país para o Brasil.

Na reunião, eles brindaram com licor de coca para celebrar o apoio à Bolívia. Vice-líder do governo, Claudio Puty (PT-PA) disse que, quando esteve na Bolívia, os diplomatas brasileiros demonstraram ser contra o governo de Evo Morales. "Eles advogam por empresários brasileiros e pela oposição boliviana", disse.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) foi mais longe e afirmou que Saboia seria "racista" por criticar Evo Morales em razão da origem indígena.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-PA) disse que o caso viola a soberania boliviana. "Foi uma afronta, ficou ruim para o Brasil", afirmou.


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