Folha de S. Paulo


Cameron defende intervenção na Síria com 'objetivos específicos'

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, defendeu nesta terça-feira (27) uma intervenção com "objetivos específicos" para evitar o novo uso de armas químicas na Síria.

Ele disse que o mundo não pode ficar inerte diante de ataques com gás sarin e responsabilizou o regime do ditador Bashar al-Assad pelas mortes de civis na periferia de Damasco, na semana passada.

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Ao mesmo tempo, prometeu impor limites a uma possível ação no país e disse que não defenderá a entrada do Reino Unido em uma nova guerra no Oriente Médio.

"O que vimos na Síria foram cenas chocantes de morte e sofrimento na Síria por causa do uso de armas químicas pelo regime de al-Assad. Eu não acredito que nós possamos deixar que isso continue", afirmou.

"Qualquer ação que nós ou outros tomarmos tem que ser legal, proporcional e específica para impedir o uso de armas químicas no futuro."

Em busca de apoio da opinião pública, o conservador tentou diferenciar uma possível ação na Síria das guerras do Iraque e do Afeganistão. Os dois conflitos foram iniciados no governo do trabalhista Tony Blair.

"Não se trata de se envolver em uma guerra do Oriente Médio ou de mudar a nossa postura em relação à Síria, avançando no conflito. Não tem nada a ver com isso. Trata-se de armas químicas. O uso dela é errado, e o mundo não deve ficar inerte", afirmou.

Cameron convocou as TVs britânicas e gravou as declarações em sua residência oficial em Downing Street, no centro de Londres. Ele suspendeu as férias e convocou o Parlamento para uma sessão extraordinária sobre a Síria na quinta-feira.

O premiê disse que ainda não tomou nenhuma decisão, mas políticos do governo e da oposição estão certos de que ele vai pedir aval a uma ação militar contra o regime de al-Assad.

OPOSIÇÃO PROMETE APOIO

Pouco depois das declarações de Cameron, o líder da oposição, Ed Miliband, afirmou que o Partido Trabalhista está disposto a apoiar uma ação com objetivos específicos.

"Vamos avaliar o apoio ação internacional. Qualquer ação terá que ser baseada na lei e direcionada a impedir novos ataques com armas químicas contra civis inocentes na Síria", disse.

Outros deputados britânicos adotaram tom mais cauteloso. O conservador Richard Ottaway disse que o Parlamento já foi "mal conduzido" em 2003, antes da invasão do Iraque, e cobrou informações mais claras sobre o uso de armas químicas.

O trabalhista Jack Straw, ministro das Relações Exteriores no governo Blair, lembrou que a opinião pública ficou mais exigente e vai cobrar explicações detalhadas antes de apoiar uma nova intervenção militar no Oriente Médio.


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