O massacre nesta semana no Egito despertou condenação internacional, mas a sangrenta repressão contra a Irmandade Muçulmana parece garantir amplo apoio interno à gestão dos militares.
A mídia estatal retrata os seguidores do movimento islamita como "terroristas" que fomentam divisões sectárias com o apoio de uma sinistra conspiração do Ocidente.
Análise: Egito caminha rumo a um futuro de massacre e tirania
Os comunicados do governo e o preconceito popular contra a Irmandade estão alimentando uma narrativa nacionalista que se transforma no apoio aos militares.
A profunda polarização egípcia estava evidente desde 2012, mas os últimos e mais graves massacres pós-deposição de Mohammed Mursi foram uma chocante evidência da indiferença. "Eles merecem isso. Eles querem destruir o país, então é por isso que os militares chegaram", diz Salah Amin, um estudantes de 17 anos de Sharqiya. "Apoio os militares contra a Irmandande Muçulmana, que quer arruinar o Egito e governar o país do jeito que querem."
Na quarta, moradores de Rabia al-Adawiya, no leste do Cairo, foram vistos aplaudindo os militares que destruíam os acampamentos de seguidores da Irmandade.
"Concordamos com o que aconteceu", diz Mohamed Khamis, porta-voz do grupo Tamarod (Rebelião), que mobilizou a opinião pública contra o eleito, mas profundamente impopular, Mursi.
"Os egípcios não estão desumanizados", diz o veterano jornalista de esquerda Hani Shukrullah. "Mas eles querem o fim da batalha. A intensidade do ódio contra a Irmandade não tem precedente. É maior do que o ódio de [Hosni] Mubarak precisamente porque tentaram recriar um sistema autoritário."