Folha de S. Paulo


UE convoca reunião na próxima semana para rever relação com Egito

A União Europeia se reunirá na semana que vem para avaliar novas medidas contra o governo interino do Egito por causa da violência contra os aliados do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi. Na quarta (14), a ação policial de desocupação de acampamentos de islamitas deixou mais de 600 mortos.

Os acampamentos haviam sido montados em 3 de julho, dia em que o mandatário foi deposto por militares. Desde então, os islamitas protestam contra a operação, considerada um golpe de Estado, e se recusam a negociar com o governo interino, formado, em sua maioria, por liberais.

"Dia de cólera" no Egito começa com tiroteios e relatos de mortos
Repórter-fotográfico da Folha leva tiro de raspão no Cairo
Diogo Bercito: No Cairo, o cheiro da morte
Análise: Convulsões no mundo árabe são dolorosas, mas também inevitáveis

Nesta sexta, a Irmandade Muçulmana, à qual Mursi é filiado, convocou um "dia de cólera" contra a ação do governo interino. Segundo as autoridades locais, pelo menos 32 pessoas morreram em todo o país, mas islamitas dizem que os mortos podem ser mais de 50 apenas no Cairo.

A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou nesta sexta que pediu à União Europeia que avalie "medidas apropriadas" em relação à violência no Egito. "A responsabilidade dessa tragédia recai com força no governo interino, assim como a classe política do país".

A convocação de reunião foi feita após conversa entre os presidentes da França, François Hollande, e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel. Hollande também falou com os primeiros-ministros do Reino Unido, David Cameron, e da Itália, Enrico Letta.

Os dois concordaram em manter uma postura comum do bloco em relação ao Egito. A Alemanha também informou que pretende revisar as relações com o Egito até que volte a democracia.

As Nações Unidas pediram que ambas as partes usem "máxima contenção", diante da perspectiva de ser deflagrada no Egito uma guerra civil. O massacre de quarta-feira está sendo considerado o dia mais violento na história moderna do Egito.

A crise política foi iniciada em 3 de julho, com a deposição do presidente islamita Mohammed Mursi, hoje detido em local desconhecido. Após milhões terem ido às ruas pedindo sua renúncia, diante do fiasco econômico, as Forças Armadas tomaram a si a tarefa de impor uma transição política no país.


Endereço da página:

Links no texto: