Folha de S. Paulo


Kirchnerismo sai na frente em eleições legislativas, mas perde nos principais Estados

Os primeiros resultados das eleições primárias obrigatórias para o Legislativo da Argentina, ontem, mostravam a presidente Cristina Kirchner e sua coalização, a Frente para a Vitória (FpV), ganhando no país como um todo, mas perdendo nos principais Estados.

Até as 23h de ontem, 41% das urnas haviam sido apuradas. Na província de Buenos Aires, que concentra 37,3% dos eleitores argentinos, a contagem estava mais atrasada. Com 23% de votos computados, o pré-candidato de oposição Sérgio Massa, da Frente Renovador, liderava a prévia com 33,5%. O oficialista Martín Insaurralde estava em segundo, com 27,7%.

Cristina perdeu em sua Província, Santa Cruz, governada há anos pelo kirchnerismo. A lista de oposição da União Cívica Radical foi declarada vencedora com 70% da apuração concluída. O governo também perdia em Córdoba, Mendoza e Santa Fé.

Segundo a Câmara Nacional Eleitoral argentina, 70% dos 30 milhões de eleitores votaram ontem. Nas primárias, os argentinos foram obrigados a escolher quais quais candidatos ao Senado e à Câmara deverão concorrer em outubro. Os partidos que não alcançarem o mínimo de 1,5% de votos não participarão da eleição.

O pleito de outubro coloca em jogo a governabilidade de Cristina Kirchner nos próximos dois anos de seu mandato. Sem a maioria na Câmara, ela não conseguirá aprovar uma reforma constitucional que lhe dê a possibilidade de um terceiro mandato.

DENÚNCIAS

A presidente acompanhou o início da apuração ao lado de dirigentes da Frente para a Vitória no hotel Intercontinental, em Buenos Aires.

Pela manhã, ela votou na cidade de Río Gallegos, em Santa Cruz, e rebateu perguntas de jornalistas sobre denúncias de corrupção em seu governo. "Mais do que com denúncias, [a eleição] se ganha com propostas, com gestão e com governo", afirmou.

"Venho escutando denúncias há 20 anos. Desde 1987 e durante o governo de Néstor na prefeitura [de Río Gallegos]. Em seus três governos, durante seu mandato na Presidência e nos dois meus. Elas são feitas em épocas eleitorais e depois não dão em nada."

Às 20h de ontem, cerca de 200 militantes estavam na porta do hotel onde Cristina e seus candidatos aguardavam os resultados. Silvio Nuñez, 26, era um deles. "Vim apoiar Insaurralde e Cristina. Não sei se hoje ele sairá vencedor, mas até outubro temos chances", disse à Folha. Ele classificou Massa como um "vende pátria". "Não está interessado no povo. Está alinhado com grandes empresas."


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