Folha de S. Paulo


Operações contra máfia terminam com mais de 100 presos na Itália

A polícia italiana prendeu nesta sexta-feira (26) mais de 100 pessoas em operações contra grupos mafiosos, realizadas na capital Roma e na Calábria, no sudoeste do país.

Na capital italiana e no bairro de Ostia, no litoral, a "maior operação já realizada na cidade", segundo a polícia, contou com 500 agentes e resultou na prisão de 51 pessoas.

Entre os detidos, há membros de diferentes grupos de Roma e da Sicília, das famílias Fasciani, Triassi e D'Agati.

As atividades dos grupos incluem tráfico de drogas, agiotagem, extorsão de comerciantes, controle de caça-níqueis, infiltração no governo e controle de atividades turísticas em Ostia.

A operação não se limitou às fronteiras nacionais.

Um dos chefes históricos da família Triassi, Vincenzo, foi preso com sua mulher na Espanha, na ilha de Tenerife, e transferido para uma prisão espanhola. Outras duas pessoas foram detidas em Barcelona.

FRAUDE DE SEGUROS

Já na cidade de Lamezia Terme, na Calábria, berço da organização criminosa 'Ndrangheta, 65 pessoas foram presas, incluindo empresários, médicos e advogados.

Muitos são acusados de participação num esquema de fraude de seguros de veículos, através de uma filial da seguradora Zurich --que operava sob licença, mas de forma independente da sede da empresa, na Suíça.

"A Zurich não comenta investigações em andamento e processos judiciais" respondeu o grupo por e-mail à agência Reuters.

Mais de € 1 milhão por ano, segundo a polícia, eram levantados com acidentes de trânsito forjados, e usados pelo grupo para comprar drogas e armas.

Segundo a polícia, o chefe do grupo, Giuseppe Giampa, 32, também extorquia empresários locais e vendeu votos do clã ao candidato que pagou mais na eleição municipal de 2010.

As investigações avançaram porque Giampa se tornou informante, algo mais raro na fechada máfia calabresa do que nas organizações criminosas da Sicília e de Nápoles. As autoridades não explicaram por que ele resolveu colaborar.

Entre os investigados, também está o senador Piero Aiello, membro do partido conservador do ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, o Povo da Liberdade, pelo suposto crime de compra de votos.

Além do crime de associação mafiosa e tráfico de drogas, alguns dos presos são acusados de diversos homicídios cometidos durante uma guerra interna da máfia, entre 2005 e 2011.

Embora tenha sua origem na Calábria, a 'Ndrangheta se estendeu pelo norte da Itália nos últimos anos. É uma das mais ativas e violentas das quatro organizações criminosas italianas. As outras três são a Cosa Nostra (Sicília), a Camorra (Nápoles) e a Sacra Corona Unita (Puglia).

As duas operações foram realizadas um dia depois da nomeação de um novo promotor nacional antimáfia, Franco Roberti, de 65 anos, que até o momento ocupava o posto de chefe da Promotoria de Salerno, na região de Nápoles.


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