Folha de S. Paulo


Rebeldes sírios ameaçam se enfrentar após morte de líder de milícia

Grupos de rebeldes sírios ameaçaram se enfrentar nesta sexta-feira após a morte de um dos chefes da maior milícia armada da oposição, o Exército Livre Sírio. Kamal Hamami foi morto na noite de quinta-feira em um ataque promovido por um grupo ligado à Al Qaeda.

O assassinato aumenta a preocupação sobre as divisões na oposição ao ditador Bashar al-Assad, que começou a ganhar força após retomar regiões no centro e no leste do país, com a ajuda do libanês Hizbollah, em maio. Enquanto isso, os grupos rebeldes começaram a aumentar as rixas entre si.

A divisão também pode ameaçar o financiamento de países ocidentais aos grupos rebeldes. Estados Unidos e União Europeia deram o sinal verde para fornecer armas aos insurgentes, mas ainda não o fizeram. Um dos principais temores é de que as armas caiam nas mãos de organizações terroristas.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, Hamami foi morto após militantes do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, vinculado à Al Qaeda, tentar desmontar um posto de controle colocado pelo Exército Livre Sírio na montanha de Jabal al-Akrad, na Província de Latakia, no oeste sírio.

Além da morte do chefe, dois de seus soldados também foram mortos. Os islâmicos estão com os corpos das vítimas. O coordenador do Exército Livre Sírio, Louay Mekdad, disse que o intitulado emir do Estado Islâmico do Iraque e do Levante foi quem matou Hamami.

Ele disse que um dos soldados foi liberado pelos islâmicos para enviar a mensagem de que consideram a milícia armada herege e são o novo alvo da Al Qaeda. "Se essas pessoas vêm para defender a revolução síria e não ajudar o regime de Assad, eles devem acabar com os assassinatos", disse.

Nesta sexta-feira, integrantes do Exército Livre Sírio disseram à agência de notícias Reuters que o assassinato foi uma declaração de guerra dos islamitas e que não há lugar para o grupo ligado à Al Qaeda na região de Latakia.

CONFLITO

O Observatório Sírio de Direitos Humanos afirma que o Exército Livre Sírio e o Estado Islâmico do Iraque entraram em confronto diversas vezes nas últimas semanas. Na última sexta (5), um combatente da milícia armada foi morto e decapitado pelos islâmicos na Província de Idlib, no norte do país.

Algumas unidades do Exército Livre Sírio são operadas de forma autônoma e possuem maior presença no território sírio. No entanto, as organizações islâmicas têm sido mais efetivas, incluindo as vinculadas à Al Qaeda, como a Frente al-Nusra.

O grupo é responsável por uma série de atentados a alvos do regime de Bashar al-Assad, incluindo o mais grave deles, em julho do ano passado, quando quatro ministros do governo foram mortos em uma dupla explosão em Damasco.

A situação dos rebeldes faz com que o regime sírio ganhe poder após mais de dois anos de um conflito que deixou mais de 90 mil mortos e 5 milhões de deslocados internos e externos, segundo a ONU.


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