O técnico em informática Edward Snowden continua nesta quinta-feira na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, segundo funcionários do terminal. Ele não embarcou no voo de hoje com destino a Havana.
Prestador de serviços de órgãos da inteligência americana, Snowden revelou o esquema de monitoramento feito pela Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) em milhões de telefones nos Estados Unidos e dados de internet de todo o mundo.
Equador sinaliza 'longo processo' para decidir sobre asilo de delator
Ele deixou Hong Kong no último domingo (23) e, segundo o governo russo, está desde então na área de trânsito do aeroporto moscovita. Segundo o site WikiLeaks, que assessora o delator, Snowden deverá ir à capital cubana, onde esperará a decisão final sobre o asilo diplomático que pediu ao Equador.
Maxim Shemetov/Reuters | ||
Passageiros se acomodam em voo da Aeroflot com destino a Havana; Snowden não estava na lista de passageiros |
No entanto, ele continua no terminal pelo quarto dia seguido. Funcionários da companhia russa Aeroflot informaram que ele não estava na lista do voo da companhia para Havana, que saiu nesta quinta-feira. O próximo avião para a capital cubana sairá no sábado.
Segundo a empresa, não há reservas no nome dele nem de Sarah Harrison, integrante do WikiLeaks que o assessora em sua viagem. Agentes da imigração russa disseram que ele não pediu visto para entrar na Rússia e que poderá ficar "o tempo que quiser" na área de trânsito sem solicitar o documento.
Snowden teve seu passaporte americano cancelado após Washington pedir sua extradição no sábado (22). Ele conseguiu sair de Hong Kong porque o governo do território semi-autônomo chinês não aceitou o documento enviado pelos americanos. Segundo o governo local, o nome do delator foi escrito de forma errada.
Na segunda (24), o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, disse que ele saiu com documento de trânsito de refugiados concedido pelo Equador, informação que foi negada na quarta (26) pelo chanceler Ricardo Patiño. O representante equatoriano afirmou também que o trâmite para a concessão do asilo poderá levar meses.
EMBAIXADOR
Nesta quinta, o cônsul dos Estados Unidos em Hong Kong, Stephen Young, disse, em entrevista à agência de notícias Reuters, que a confiança no território chinês foi abalada após ser permitida a saída do informante. "Eu gastei três anos para trabalhar por uma boa relação e agora perdemos a confiança nesse ponto".
Segundo o secretário de Justiça de Hong Kong, Rimsky Yuen, os papéis enviados pelos americanos continham discrepâncias. Dentre elas, a troca do nome do meio do delator, de "Joseph", como no registro no território chinês, para "James", e o uso da abreviatura "Edward J. Snowden".
A liberação do técnico em informática para viajar a Moscou enfureceu os EUA. Hong Kong argumentou não ter recebido resposta a dúvidas na sexta. "Além do mais", cutucou Yuen, "em nosso sistema jurídico não há base para esse pedido de prisão."
Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.
A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.
Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.
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