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Snowden não pode sair de área de trânsito de aeroporto, diz agência

A agência de notícias russa Interfax informou nesta quarta-feira que Edward Snowden, delator do esquema de monitoramento de dados de internet e de ligações telefônicas feita pelos Estados Unidos, deverá ficar na área de trânsito do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou.

O informante chegou à capital russa na noite de domingo (23), após fugir de Hong Kong. A informação foi confirmada na terça (25) pelo presidente Vladimir Putin. Ele é considerado foragido pelos Estados Unidos pelo vazamento de informações e sua extradição foi pedida por Washington.

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Segundo funcionários do aeroporto consultados pela agência, ele não tem um passaporte válido após o governo americano ter revogado seu documento de viagem. Com isso, ele é proibido de entrar na Rússia e não poderia oficialmente embarcar em um voo para qualquer lugar do mundo.

Os integrantes do Kremlin também afirmam que ele deve estar hospedado em um quarto dentro da área de trânsito do aeroporto, onde ficam tripulantes de aviões e seguranças. O local fica antes da imigração, por onde o delator não pode passar oficialmente sem o passaporte americano.

No entanto, ele poderia entrar na Rússia se tivesse um documento de viagem para refugiados de outro país, conforme afirmou na segunda (24) o fundador do WikiLeaks, Julian Assange. Segundo o australiano, Snowden tem um documento emitido pelo Equador, país ao qual o delator pediu asilo diplomático.

Questionados pela agência de notícias Reuters, funcionários da empresa russa Aeroflot disseram que ele não tem nenhuma reserva em voos da companhia nos próximos três dias. No domingo (23), o WikiLeaks afirmou que o delator poderia sair da Rússia com destino a Cuba, de onde terminaria os trâmites para o asilo.

A companhia e a controladora do aeroporto de Sheremetyevo informam que nenhum voo para Havana está programado para hoje. A segurança do terminal foi reforçada.

O porta-voz do site WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, disse à emissora de televisão americana CNN que Snowden "descansa em um lugar seguro e confortável, simplesmente relaxando após uma semana muito estressante".

PUTIN

Na terça (25), Vladimir Putin confirmou que o delator está na área de trânsito de Sheremetyevo, um dos aeroportos que servem à capital russa. Ele negou que vá extraditar Snowden, que para ele é um homem livre e tem o direito de escolher ir para o lugar que quiser, assim que for possível.

"Ele chegou como passageiro em trânsito e não precisa nem de visto nem de nenhum outro documento. Pode voar para onde der na telha".

Para Putin, são "um disparate" as acusações de que Snowden seria um informante do serviço secreto russo. Mesmo dizendo que não vai extraditar o informante, o presidente russo disse esperar que o incidente não provoque uma ruptura nas relações diplomáticas com os Estados Unidos.

Moscou e Washington não têm tratado de extradição, motivo pelo qual a Rússia pode decidir se envia ou não o delator aos Estados Unidos. Mais cedo, o secretário de Estado americano, John Kerry, pediu que Moscou leve em consideração as leis internacionais para entregar o delator e disse não desejar um conflito com a Rússia.

"Eu gostaria de pedir pela calma e a racionalidade. Esperamos que a Rússia não fique do lado de um fugitivo da Justiça", afirmou nesta terça-feira.

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Ex-assistente técnico da CIA e funcionário da Booz Allen Hamilton, prestadora de serviços no setor de defesa, Snowden trabalhava para a NSA há quatro anos, como representante da Booz Allen e de outras empresas, como a Dell.

A NSA, cujo material foi divulgado por Snowden, é uma das organizações mais sigilosas do mundo. De acordo com as informações apresentadas pelo delator, a agência monitorou os registros de ligações de milhões de telefones da Verizon, segunda maior companhia telefônica dos EUA.

Também foram verificados dados de usuários de internet de todo o mundo em empresas de internet como Google, Facebook, Microsoft e Apple. O escândalo causou críticas ao presidente Barack Obama, que combateu a espionagem feita pelas agências quando fazia oposição ao republicano George W. Bush.

Editoria de Arte/Folhapress

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