Folha de S. Paulo


Nobel de Literatura denuncia atitude 'repressiva' do governo turco

O escritor turco Orhan Pamuk, Nobel de Literatura em 2006, denunciou a atividade "repressiva" do governo islâmico-conservador de seu país e homenageou os manifestantes, em um texto publicado nesta quarta-feira pelo jornal "Hürriyet".

Lembrando que o movimento de contestação que agita a Turquia há seis dias partiu de uma ação em defesa das árvores de um parque de Istambul, ameaçadas por um projeto imobiliário do governo, Pamuk condenou a atitude do gabinete do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan.

"Pretender realizar estas grandes mudanças envolvendo uma praça e um parque que carregam as memórias de milhões de pessoas sem perguntar a opinião dos habitantes de Istambul, e tentar cortar à força suas árvores, é uma grande falha do governo Erdogan", afirmou o escritor no texto publicano no site do jornal.

"Esta política insensível é resultado, sem dúvida alguma, da atitude cada vez mais autoritária e repressiva do governo", prosseguiu Orhan Pamuk.

Fabio Braga/Folhapress
O escritor turco Orhan Pamuk, Nobel de Literatura, durante visita a São Paulo, em dezembro de 2011
O escritor turco Orhan Pamuk, Nobel de Literatura, durante visita a São Paulo, em dezembro de 2011

Autor de inúmeros romances sobre a cidade de Istambul, ele prestou homenagem aos manifestantes turcos: "Ver que eles não renunciam facilmente as suas memórias me dá confiança e esperança no futuro".

Pamuk, 60, é um dos poucos intelectuais turcos a ter reconhecido publicamente em 2005 o genocídio dos armênios. Ele foi processado em várias ocasiões em seu país e também fez fortes críticas ao tratamento recebido pela minoria curda por parte do governo de Ancara.

Pamuk é o autor turco mais vendido no mundo, com obras traduzidas para mais de 60 línguas. Também foi o primeiro turco a receber o prêmio Nobel de Literatura.


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