Folha de S. Paulo


Líder rebelde ameaça atacar Líbano se Hizbullah não sair da Síria

O líder do Exército Livre Sírio, principal milícia rebelde síria, deu nesta terça-feira um ultimato de 24 horas para que o grupo radical libanês Hizbullah saia de Qusair, na região central da Síria. Se não for atendida, a milícia ameaçou atacar o Líbano.

Os libaneses estão na cidade há duas semanas, em auxílio a uma ofensiva do regime sírio. Inicialmente, eles afirmavam que pretendiam defender as cidades libanesas na fronteira, mas fizeram um cerco que deixou centenas de mortos e provocou o deslocamento de 25 mil pessoas.

A participação do Hizbullah aumenta a preocupação com a internacionalização do conflito sírio, após dois anos de combates internos. Nesta terça, moradores de cidades libanesas da fronteira com a Síria acusaram grupos vinculados aos rebeldes por ataques que deixaram três mortos e quatro feridos.

Em entrevista ao canal de Al Arabiya, Salim Idris exigiu a saída do grupo libanês em 24 horas e os ameaçou com um ataque em território libanês.

"Nós tomaremos todas as medidas para caçar o Hizbullah, inclusive no inferno. Todos devem perdoar uma retaliação do Exército Livre Sírio, assim como fomos submetidos ao genocídio conduzido por eles em Qusair", afirmou.

ATAQUES

A ameaça de retaliação acontece após a morte de três pessoas em um ataque armado a Arsal, no nordeste libanês, cidade próxima à fronteira com a Síria. Os agressores, que seguiam em um veículo, dispararam contra militares em um posto de controle da região, cuja maioria da população é sunita.

Segundo a rádio A Voz do Líbano, o grupo armado fugiu em direção à Síria. O prefeito da cidade, Ali al Uhairi, acusou rebeldes do país vizinho de ter feito o ataque.

Durante a tarde, quatro foguetes atingiram a região de Hermel, deixando uma mulher gravemente ferida. Moradores afirmam que a arma veio da Síria e tinha a intenção de atingir civis, já que a área é de maioria xiita e não tem instalações militares.

As duas ações foram condenadas pelo primeiro-ministro libanês, Saad Hariri, que chamou os ataques de "um indício dos crescentes riscos à paz nacional". Ele ainda pediu que os grupos políticos estejam atentos para dar apoio aos militares em operações para conter a influência do conflito sírio no Líbano.

Em comunicado, o Hizbullah disse que a ação foi "um assalto a todo o povo libanês". Desde o início do conflito na Síria, em março de 2011, o Líbano registra conflitos esporádicos entre sunitas, aliados dos rebeldes sírios, e xiitas, que apoiam o ditador Bashar al-Assad, em especial na cidade de Trípoli, no norte do país.


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