Folha de S. Paulo


Folha acompanhou trajetória de Videla desde o golpe de 76

Morto nesta sexta-feira aos 87 anos, o general e ex-ditador argentino Jorge Videla teve sua trajetória acompanhada pela Folha a partir do golpe de 1976. Em 25 de março daquele ano, dia seguinte ao levante, o jornal trouxe uma série de matérias sobre a situação delicada da Argentina após a deposição da presidente Maria Estela Martinez de Perón.

Videla foi designado presidente poucos dias depois pela junta militar que governava o país na breve transição. Comandante do Exército e detentor de alta patente militar, Videla iniciou a cruzada do novo governo contra o que restava do peronismo.

Responsável pelo aparato repressivo que matou cerca de 30 mil pessoas na Argentina, Videla foi questionado algumas vezes durante seu mandato sobre o desaparecimento de figuras públicas. Um dos casos polêmicos foi o do ex-embaixador argentino na Venezuela, Hector Hidalgo Sola, sequestrado em 1977 em Buenos Aires. Videla chegou a prestar depoimento à Justiça, mas o diplomata nunca foi encontrado.

O poderio militar sob o comando de Videla também ficou evidente durante a Copa de 78, quando a seleção argentina venceu o Mundial em casa e recebeu a taça das mãos do ditador.

A Folha também noticiou a transmissão do poder ao general Roberto Viola, em março de 1981, quando a Argentina enfrentava grave crise econômica. Os crimes de Videla, porém, não foram esquecidos e o jornal voltou a trazer o nome do general na capa em dezembro de 1985, quando foi condenado à prisão perpétua.

Anistiado pelo ex-presidente Carlos Menem em 1990, Videla voltou ao banco dos réus apenas em 2010, quando já tinha 85 anos. Foi novamente condenado à pena perpétua, em dezembro de 2010.


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