Folha de S. Paulo


Putin pede que se evitem ações que tirem o equilíbrio da crise síria

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira que se deve evitar ações que desestabilizem o conflito na Síria. A declaração foi feita durante visita de Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, que autorizou dois bombardeios a alvos sírios.

Segundo agentes israelenses, o primeiro atingiu um comboio de armas destinadas ao grupo armado libanês Hizbullah, aliado do ditador sírio, Bashar Assad. O outro alvo foi um complexo que guardava mísseis de longo alcance que também teriam como destino a milícia radical.

Em entrevista coletiva, Putin disse que se deve evitar a desestabilização dos conflitos, tanto para o lado dos rebeldes e do regime de Bashar Assad. Para ele, apenas o fim do conflito armado e a transição política podem prevenir o aumento da guerra.

Mais cedo, o vice-chanceler russo, Gennadi Gatilov, disse que Moscou não se opõe ao envio de uma missão de paz ou de observadores militares da ONU (Organização das Nações Unidas), desde que aceita pelo regime e pela oposição síria.

Ele, no entanto, lembrou que as missões da ONU na Síria foram lamentáveis porque foram suspensas após se perceber que as conclusões não agradavam aos países que apoiavam os opositores.

"As missões informaram ao Conselho de Segurança da ONU que a violência era resultado de ações de ambos os lados. Assim, a observação não permitia concluir que toda a responsabilidade recaía exclusivamente sobre o regime sírio".

IMPASSE

A Rússia se opõe a uma intervenção militar na Síria e vetou três resoluções da ONU contra o regime de Bashar al-Assad. No entanto, decidiu organizar, junto com os Estados Unidos, um novo evento para discutir sobre a transição na Síria, que deverá acontecer no fim de maio ou no início de junho.

Nesta terça, o ministro da Informação da Síria, Omram al-Zoubi, disse que Damasco avaliará a possibilidade de ir à reunião, mas diz que quer detalhes sobre o que será debatido. Estados Unidos, França e Reino Unido colocam a saída de Assad como condição para o fim do conflito.

Além dos representantes dos três países, Rússia, China e a oposição síria também confirmaram presença. O grupo de países favoráveis aos rebeldes, conhecidos como Amigos da Síria, pretendem fazer uma reunião na semana que vem na Jordânia para definir parte das demandas para a transição.


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