Folha de S. Paulo


Síria quer detalhes sobre encontro de paz antes de confirmar presença

O ministro da Informação da Síria, Omram al-Zoubi, disse nesta terça-feira que o regime sírio quer mais detalhes sobre o encontro de paz promovido pelos Estados Unidos e a Rússia antes de decidir se participa ou não da reunião.

O encontro foi definido na última terça (7), após reunião entre os chanceleres americano, John Kerry, e russo, Sergei Lavrov. A intenção é organizar um governo de transição para dar fim aos dois anos de conflito entre a oposição e o regime de Bashar al-Assad que, segundo a ONU, deixaram mais de 70 mil mortos.

Em entrevista à agência de notícias Sana, Zoubi disse que o regime sírio comemora a proposta de diálogo, mas diz que o país não aceitará "uma reunião que prejudique, direta ou indiretamente, a soberania nacional". Sobre a permanência ou saída de Assad, ele disse que é algo que apenas o povo sírio deve determinar.

A saída de Assad é exigida pelos países ocidentais, em especial Estados Unidos, França e Reino Unido, e é colocada como condição pelos três para a transição na Síria. No entanto, Rússia e China são contrárias à deposição, e não há sinal de que Moscou tenha mudado sua posição mesmo após ter marcado o encontro.

O ministro disse que a Síria quer uma solução política, mas que os esforços internacionais também devem tratar dos "terroristas", um termo que o governo sírio usa para se referir aos combatentes rebeldes.

MAL ENTENDIDO

As declarações de Zoubi são divulgadas horas depois de o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, dizer que o regime sírio não estará representada na reunião. "Assad será descartado definitivamente de um possível governo de transição", disse, em entrevista à rádio RTL.

Horas mais tarde, porém, o secretário de Estado americano, John Kerry, negou que o regime sírio tenha definido sobre a ausência no evento. A expectativa é que o encontro aconteça entre o fim de maio e o início de junho.

A crise na Síria também deverá estar na agenda do encontro do presidente da Rússia, Vladimir Putin, com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu. Os dois se reunirão em Sochi, local de uma das residências de verão do mandatário russo.

Na semana passada, Moscou condenou dois ataques de Israel a alvos sírios, enquanto fontes militares do Estado judaico acusaram os russos de querer vender mísseis de longo alcance para o regime de Assad e o grupo armado Hizbollah. Israel não confirmou o bombardeio e a Rússia negou o envio das armas.


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