Folha de S. Paulo


Obama e Cameron defendem mais pressão a Assad e apoio a rebeldes

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, decidiram nesta segunda-feira aumentar a pressão sobre o ditador da Síria, Bashar al-Assad, e dar mais ajuda aos rebeldes sírios.

Em reunião, Obama e Cameron disseram que vão continuar a buscar evidências do uso de armas químicas no país. Para o presidente americano, a aplicação das armas de destruição em massa é motivo para que os EUA intervenham no conflito, que dura mais de dois anos.

"Nós continuaremos a trabalhar para estabelecer as provas do uso de armas químicas na Síria e essas provas nos ajudarão a dar os próximos passos na resolução do conflito", disse Obama, em entrevista coletiva.

"Juntos, nós iremos continuar com nossos esforços para aumentar a pressão sobre o regime de Assad, fornecer ajuda humanitária aos sírios, reforçar a ajuda à oposição moderada e preparar o caminho para uma Síria democrática sem Assad".

David Cameron anunciou durante a coletiva que Londres dobrará a ajuda não letal aos rebeldes sírios, em especial elementos de comunicação e alimentos. Desde o início do conflito, os países ocidentais estão receosos em armar os rebeldes devido à infiltração de grupos terroristas.

Segundo a ONU, mais de 70 mil pessoas morreram na Síria desde março de 2011, quando começaram os conflitos entre as tropas do regime de Bashar al-Assad e os rebeldes. Grupos de direitos humanos, no entanto, afirmam que o número ultrapassa os 80 mil.

PARALISIA

Para Cameron, é necessário acabar a paralisia da comunidade internacional, causada pela divergência entre os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto. De um lado, Estados Unidos, Reino Unido e França, que apoiam os rebeldes, e Rússia e China, defensores de Assad.

Devido à posição de Moscou e Pequim, três resoluções contra o regime de Assad foram vetadas no conselho, o que contribuiu para complicar a crise síria. Na semana passada, Cameron se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, para tentar mudar a posição russa.

"A história da Síria está sendo escrita com o sangue do seu povo e isto está acontecendo sob nossos olhos. É preciso que o mundo chegue a um acordo para acabar com a carnificina. Nenhum de nós tem interesse em ver vidas perdidas, armas químicas sendo utilizadas e a violência ligada ao extremismo se estender".

Na mesma linha, Obama pediu que Moscou mude sua posição. "A Rússia tem um interesse e também uma obrigação, de tentar resolver este problema de modo que atinja o resultado que desejamos a longo prazo", afirmou o americano.

Obama e Cameron ainda defenderam a criação de um governo de transição política na Síria que não inclua a permanência de Assad. O caso foi debatido pela primeira vez em Genebra, em junho de 2012, e foi retomado após uma reunião entre Putin e Obama na semana passada.

Depois do presidente americano e do premiê britânico, será a vez do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, se reunir com o chanceler russo, Sergei Lavrov, na próxima sexta (17) para comentar sobre a crise na Síria. A intenção é tentar novamente uma solução para os confrontos no país árabe.


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