Folha de S. Paulo


Cortes em pagamentos de controladores aéreos aumenta atrasos de voos nos EUA

Os atrasos em milhares de voos continuam nesta terça-feira (23) nos Estados Unidos como consequência das medidas de corte de despesas que começaram a ser aplicadas nesta semana e que incluem licenças não remuneradas para parte dos 47 mil funcionários da FAA (Direção Federal de Aviação, na sigla em inglês).

Os principais aeroportos afetados são os da costa leste, especialmente os nacionais de La Guardia, em Nova York, e o Reagan, em Washington, que registravam hoje atrasos de perto de uma hora de média, segundo o site de gestão de tráfego aéreo "Flightware".

Desde o domingo passado, mais de 12 mil voos sofreram atrasos. Além dos aeroportos da costa leste, também houve várias demoras em outros dos principais centros de conexão aérea nacionais, como os aeroportos de Dallas e Los Angeles.

A FAA anunciou em março que se veria obrigada a fechar as torres de controle de 149 aeroportos regionais para atender aos cortes previstos, de US$ 637 milhões, de agora até o final do ano fiscal de 2013, que termina em 30 de setembro.

O diretor da FAA, Michael Huerta, já advertiu ao Congresso no final de fevereiro que estes cortes sobre a agência poderiam ocasionar também atrasos nos voos dentro do país, devido à queda do número de funcionários.

Devido aos cortes, cerca de 15 mil trabalhadores, entre eles controladores aéreos, deverão tirar um dia de folga não remunerada a cada dez dias de trabalho.

CULPA DOS CONGRESSISTAS

Por sua vez, o secretário de Transporte dos Estados Unidos, Ray Lahood, reconheceu hoje os problemas ocasionados pela entrada em vigor destes cortes orçamentários, mas afirmou que não tem outra opção e que o problema deve ser resolvido pelo Congresso, que acordou a medida como parte do plano de redução do déficit.

"Estou falando destas baixas há vários meses. Aqui não há nenhum cálculo político. É uma má prática que o Congresso aprovou, e eles devem regulá-lo", disse Lahood em uma conferência telefônica com jornalistas.

Os atrasos e demoras, que afetam principalmente voos domésticos, geraram cruzamentos de declarações entre legisladores republicanos e democratas.

A Casa Branca também se pronunciou em relação a este assunto ao assegurar que as ações da FAA são consequência dos abruptos cortes de despesa aprovados pelo Congresso.

"Somos claros acerca das ações tomadas pela FAA e as ações que não pode tomar devido ao modo no qual o orçamento está estruturado e a maneira na qual a lei que impõe estes cortes está escrita", afirmou Jay Carney, porta-voz presidencial.

"Só o Congresso pode atuar para deter estes atrasos", ressaltou Carney em sua entrevista coletiva diária.


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