Folha de S. Paulo


Presidente do Paraguai pede que o Mercosul seja recriado

O presidente do Paraguai, Federico Franco, disse nesta quinta-feira que é preciso "refundar o Mercosul". Franco, que participa de uma conferência em Washington, apostou ainda que, após as eleições presidenciais paraguaias, que acontecem neste mês, o país retornará as atividades no bloco.

"O Mercosul (também formado por Brasil, Uruguai, Argentina e Venezuela) deve ser refundado sobre questões bem claras de estabelecimento de normas e direções que deverão ser seguidas", afirmou Franco.

O líder argumentou que atualmente "o aspecto político prevalece sobre o jurídico" no bloco. Segundo ele, "nem o primeiro parágrafo do primeiro artigo do Tratado de Assunção, que deu origem à instituição em 1991, é levado em consideração".

Para Franco, existe ainda uma "grande assimetria" na participação dos países. Segundo ele, apesar de o tratado "estabelecer o livre deslocamento dos produtos dentro da zona", isso não é cumprido. "A maioria da produção do Paraguai fica bloqueada", criticou o presidente, defendendo o replanejamento do bloco para que todos os países tenham melhores condições.

O Paraguai foi suspenso do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) por causa do julgamento político que destituiu o ex-presidente Fernando Lugo no ano passado.

O mandatário apostou que a punição será retirada após as eleições presidenciais, que serão realizadas no dia 14 deste mês. "Espero que em 15 de agosto, quando o futuro líder eleito tomará posse, a Via-Sacra a qual o Paraguai foi submetido no Mercosul seja encerrada".

VENEZUELA

O presidente insistiu que a entrada da Venezuela no Mercosul hoje é "ilegal", mas disse que o país não terá problemas em conviver com Caracas no bloco.

"Nosso maior problema era o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que facilitou a formação de células o EPP em meu país", acrescentou. Franco acusa Chávez de apoiar o EPP (Exército do Povo Paraguaio), um grupo armado que opera nas florestas do nordeste do Paraguai e que, de acordo com a Procuradoria paraguaia, recebeu treinamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

"Com Chávez fora da face da terra, existe um cenário novo que o próximo governo paraguaio saberá avaliar", acrescentou.

A Venezuela deve assumir a presidência rotativa do Mercosul em junho. O Paraguai, entretanto, considera ilegal o ingresso de Caracas no bloco, já que o Congresso paraguaio não votou a entrada de Caracas no grupo, como estipula as regras, por conta da suspensão.


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