Folha de S. Paulo


Vice-premiê diz que Rússia não ajudará poupadores afetados em Chipre

O vice-primeiro-ministro da Rússia, Igor Shuvalov, disse nesta segunda-feira que o governo russo não ajudará os depositantes do país que tiveram seu dinheiro confiscado nos dois principais bancos de Chipre, afetados por causa da crise na ilha do Mediterrâneo.

Os depósitos dos russos representam 20% do montante depositados nos bancos do país, que confiscou todas as poupanças superiores a € 100 mil (R$ 260 mil). A medida faz parte da arrecadação de € 5,8 bilhões (R$ 15 bilhões) exigidos por credores internacionais para conceder um resgate de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões).

A retenção foi aprovada na semana passada pelos cipriotas, após exigência dos credores --Banco Central Europeu (BCE), FMI (Fundo Monetário Internacional) e União Europeia. Segundo os bancos locais informaram no sábado (30), as perdas dos depositantes podem chegar a 60%.

Em entrevista à televisão russa, o vice-premiê disse que o governo russo não pretende fazer nada em relação às perdas causadas pelo confisco. "Se alguém perder dinheiro nesses dois grandes bancos é uma pena, mas o governo russo não vai fazer nada nesta situação".

Quanto aos capitais russos depositados nos bancos cipriotas, Igor Shuvalov afirmou que se trata de diferentes tipos de dinheiro. "Há dinheiro pelo qual não se pagou impostos e há dinheiro pelo qual se tributou e que, por alguma razão, as pessoas decidiram depositar em bancos cipriotas".

Ele, no entanto, declarou que a atuação pode ser diferente em caso de depósitos feitos em empresas com participação da economia russa. "Estamos dispostos a examiná-los publicamente, de maneira transparente, aqui na Rússia, mas para isso não necessariamente é preciso ajudar Chipre".

AJUDA

A declaração desmente as afirmações do presidente do banco de desenvolvimento russo, Vladimir Dmitriev, que disse que a entidade pretendia prestar assistência às empresas russas que se encontrem uma situação difícil devido aos problemas na ilha do Mediterrâneo.

O resgate financeiro aprovado pelos credores internacionais representa mais da metade do PIB do Chipre. O socorro também exige a reestruturação dos bancos, cujos depósitos eram sete vezes maiores que a economia do país.

Inicialmente, o presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro Dmitri Medvedev chamaram o confisco de roubo e o compararam com a situação da União Soviética. Após a aprovação do resgate, no entanto, fizeram demonstrações menos enérgicas sobre a retenção dos depósitos.


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