Folha de S. Paulo


Milhares de estudantes chilenos protestam em passeata marcada por confrontos

Milhares de estudantes chilenos dos ensinos médio e universitário participaram nesta quinta-feira de uma passeata no centro de Santiago que terminou com violentos confrontos entre os manifestantes e a polícia.

A manifestação, convocada por alunos de instituições privadas, foi a primeira mobilização do ano com uma ampla afluência de estudantes, que pretendiam voltar a pôr na agenda sua reivindicação de uma mudança profunda no sistema educacional do país.

Ivan Alvarado /Reuters
Estudantes tentam fugir de canhão d'água durante protesto por reformas na educação em Santiago, no Chile, nesta quinta
Estudantes tentam fugir de canhão d'água durante protesto por reformas na educação em Santiago, no Chile, nesta quinta

A Assembleia Coordenadora de Estudantes do Ensino Médio (Aces) e o Movimento de Estudantes de Educação Superior Privada (Mesup) apontaram que cerca de 20 mil pessoas participaram da manifestação.

Os manifestantes iniciaram o percurso na Universidade de Santiago e passaram pela Alameda, a principal avenida da capital.

Os primeiros choques com a polícia ocorreram 20 minutos depois, quando os agentes obrigaram os jovens a seguir a mobilização por outra rua, de acordo com o trajeto autorizado pelas autoridades.

Os organizadores denunciaram que a prefeitura de Santiago modificou nesta quarta-feira de última hora o percurso, algo que foi negado pelas autoridades.

Grupos de encapuzados começaram então a lançar todo tipo de objetos contra a polícia, inclusive coquetéis molotov. A Polícia Militar repeliu os ataques com gás lacrimogêneo e jatos de água.

Ivan Alvarado /Reuters
Estudante é atingido por canhão d'água durante manifestação pedindo reforma universitária em Santiago, no Chile
Estudante é atingido por canhão d'água durante manifestação pedindo reforma universitária em Santiago, no Chile

O coronel Hugo Insulza informou que 60 pessoas foram detidas e um policial ficou ferido durante os enfrentamentos. O oficial estimou em 4.000 pessoas a participação na mobilização e disse que a maioria não participou das desordens, que foram protagonizadas por "um grupo antissistema" identificado pela polícia.

O ministro do Interior, Andrés Chadwick, lamentou o comportamento violento de alguns manifestantes e defendeu a atuação policial.

"Um grupo de estudantes novamente se sente com direito a gerar desordens, a danificar a propriedade, a interromper o trânsito e a gerar violência em Santiago", disse em entrevista à imprensa.

Os estudantes reivindicam uma educação de qualidade e gratuita, em um país onde os jovens devem endividar-se para financiar suas carreiras e o ensino básico e médio é administrado pelos municípios ou "sustentadores" privados.

A Confederação de Estudantes do Chile (Confech), principal organização estudantil, convocou uma grande manifestação ao longo de todo o país para o próximo dia 11 de abril.


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