Folha de S. Paulo


Bancos de Chipre reabrem sob fortes restrições de operação

Os bancos cipriotas reabriram nesta quinta-feira sob fortes medidas de controle no fluxo de capitais impostas como condição para evitar uma corrida dos correntistas, depois de o país se submeter a pesados termos para obter resgate financeiro da União Europeia (UE) e, assim, evitar a falência.

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Havia 12 dias que os bancos estavam fechados. Mesmo agora, o limite diário para saques por cliente, por banco, é de € 300 (R$ 774).

Fora isso, toda operação com valores acima de € 5.000 (R$ 12,9 mil) será analisada. Para compras no exterior ou transferências, o teto será de € 5.000 mensais. Quem viajar para fora da ilha não poderá levar mais que € 3.000 (R$ 7,74 mil). Apenas o uso de cartões de crédito não sofre restrições.

As medidas estarão em vigor pelos próximos quatro dias, mas não se descarta sua prorrogação.

Nesta quinta, os bancários chegaram cedo às agências na capital da ilha, Nicósia, e receberam dinheiro em carros blindados. Em uma agência do segundo maior banco, o Banco Popular do Chipre, funcionários recebiam instruções antes da abertura, às 12h (7h em Brasília). Os novos horários de abertura foram divulgados em um bilhete escrito à mão, colado à porta.

Em Nicósia, havia algum alívio com a reabertura dos bancos, mas também alguma apreensão. "Finalmente o humor das pessoas vai melhorar e poderemos voltar a confiar no sistema", disse Yorgos Georgiou, dono de uma lavanderia. "Estou preocupado com as pobres crianças trabalhando nos caixas hoje, porque as pessoas podem mostrar sua irritação com eles."

Os clientes dos dois principais bancos do país, o Banco de Chipre e o Laiki, poderão sacar no máximo € 120 e € 100 euros por dia, respectivamente. Depósitos feitos nessas duas instituições de valores superiores a € 100 mil (R$ 258 mil) estão congelados e deverão ser parcialmente confiscados. O Laiki será liquidado, e o Banco de Chipre passará por uma reestruturação.

Parte das medidas está nos termos com que Chipre terá de cumprir em troca do pacote de resgate, que tem valor de € 10 bilhões (R$ 26 bilhões).

Editoria de Arte/Folhapress

Para analistas, os termos do acerto fechado pela União Europeia, BC europeu e FMI com Chipre abre caminho para outras exceções casuísticas dentro da zona do euro.

Também nesta quinta, a Comissão Europeia informou que apoia os controles de capital, mas que eles não devem permanecer em vigor por muito tempo, destacando que vai monitorar a necessidade de revê-los ou prolongá-los. "A Comissão irá insistir para que qualquer medida restritiva seja estritamente adequada e estritamente limitada no que diz respeito à duração."

A bolsa de valores de Chipre permanece fechada.


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