Folha de S. Paulo


Cardeais celebram última missa no Vaticano antes de conclave

O grupo de 207 cardeais da Igreja Católica celebra na manhã desta terça-feira a última missa antes do conclave que elegerá o sucessor de Bento 16, que renunciou em fevereiro. Nesta tarde, os 115 cardeais votantes entrarão em clausura, dando início à eleição.

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A missa começou às 10h locais (6h em Brasília), com todos os cardeais presentes, incluindo os maiores de 80 anos, que não têm poder de voto. A cerimônia é liderada pelo decano do Colégio de Cardeais, Angelo Sodano, que também não participará da eleição.

Além dos religiosos, assistem à celebração o corpo diplomático que representa os países no Vaticano e milhares de fiéis. Durante a missa, os fiéis farão orações para pedir a bênção aos cardeais que escolherão o novo papa, aos povos da terra, e às necessidades da vida e da família.

Após a cerimônia, os cardeais irão à residência de Santa Marta, onde estão hospedados desde às 6h (2h em Brasília) de hoje e ficarão até a escolha do novo papa.

Eles ficarão isolados, sem acesso a telefone, jornais e televisão. O número de votos de cada candidato nunca será anunciado oficialmente, mas costuma vazar após a eleição. Cerca de 90 funcionários do Vaticano que prestarão serviços de apoio, como médicos e cozinheiros, já fizeram juramento de sigilo.

Os quartos dos votantes foram selecionados por sorteio. Por volta das 16h15 (12h15 em Brasília), os 115 cardeais votantes se reunirão na capela Paulina e seguirão em procissão até a capela Sistina, onde entrarão por volta das 16h30 (12h30 em Brasília), e darão início ao conclave.

A previsão é que as votações comecem ainda nesta terça-feira. A expectativa é que o primeiro sufrágio seja feito até as 20h (16h em Brasília), quando as cédulas devem ser queimadas. Em caso de fumaça preta, ainda não houve decisão sobre o novo papa.

Se sair branca, os sinos da Basílica de São Pedro tocarão, em sinal de que o pontífice foi escolhido. Os últimos 15 conclaves levaram no mínimo dois dias. A primeira votação costuma servir como uma espécie de peneira para selecionar os candidatos que vão polarizar a disputa.

SEM FAVORITOS

A escolha do novo papa começa sem favoritos, a diferença de 2005, quando o então cardeal Joseph Ratzinger, o papa emérito Bento 16, era considerado o principal candidato a sucessor de João Paulo 2º. Nos últimos dias, o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer são apontados como os postulantes mais fortes.

A imprensa italiana tem apresentado Scola como o cardeal que representa a ala reformista. Scherer é visto como o mais próximo à Cúria. Também aparecem nas listas de mais cotados o canadense Marc Oullet, os americanos Sean O'Malley e Timothy Dolan, o húngaro Peter Erdo e o italiano Gianfranco Ravasi.

O processo termina quando um dos concorrentes forma maioria de dois terços, ultrapassando 77 votos. Diante de um cenário incerto, a maioria dos vaticanistas não descarta a vitória de um azarão, a exemplo da eleição de João Paulo 2º, em 1978.

Entre as principais incógnitas deste ano, está a influência do papa emérito Bento 16, que continua recolhido na residência de Castel Gandolfo. Ele nomeou 67 dos 115 votantes e não declarou preferência por um candidato.

A escolha está marcada pelos escândalos de corrupção descobertos no caso Vatileaks, das acusações de pedofilia e de assédio sexual envolvendo integrantes da Igreja Católica. O novo pontífice deverá lidar com as denúncias e buscar punições aos considerados culpados.

Com informações de FELIPE SELIGMAN e BERNARDO MELLO FRANCO, enviados especiais a Roma.

Felipe Nadaes/Folhapress
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