Folha de S. Paulo


Divisão entre cardeais atrasa conclave

Mesmo após seis reuniões e, desde ontem à tarde com todos os 115 eleitores presentes em Roma, o Colégio de Cardeais ainda não conseguiu chegar a um acordo e definir a data do conclave que escolherá o próximo papa.

O motivo da demora é uma divisão entre eles. Os italianos gostariam que o processo de escolha começasse o mais rapidamente possível, o que beneficiaria um cardeal ligado à Cúria, por ser mais conhecido. Já os estrangeiros, principalmente de países como EUA, Alemanha e Áustria querem mais calma para saber profundamente sobre a atual crise no Vaticano, repleta de escândalos sexuais e suspeitas de corrupção.

Segundo reportagens publicadas em jornais como "La Repubblica" e "La Stampa", esses cardeais tentaram, nos últimos dias, obter informações sobre o chamado Vatileaks, vazamento de documentos sigilosos do Vaticano.

Ontem, o porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, afirmou que a data do conclave só será decidida quando o decano Angelo Sodano entender que as discussões sobre o perfil do próximo papa estiverem maduras.

Mais de 70 cardeais pediram a palavra para tratar de algum assunto.

Na manhã de ontem, por exemplo, parte do tempo foi consumido para discutir uma questão polêmica: a vida financeira do Vaticano.

Em meio ao impasse, o jornal italiano "La Repubblica" publicou ontem uma entrevista com uma fonte anônima que afirmou haver outros 20 informantes do Vatileaks, além do ex-mordomo de Bento 16, Paolo Gabriele. Os nomes não foram divulgados. (FELIPE SELIGMAN, BERNARDO MELLO FRANCO e FABIANO MAISONNAVE)


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