Folha de S. Paulo


Ministro sunita renuncia a cargo em protesto contra governo no Iraque

O ministro das Finanças do Iraque, Rafei al Essawi, anunciou nesta sexta-feira sua renúncia em meio a uma manifestação de sunitas contra o governo do primeiro-ministro xiita, Nouri al Maliki, na cidade de Ramadi, a 120 km da capital Bagdá.

A renúncia do ministro, que é sunita, aumenta o temor do aprofundamento do conflito sectário no Iraque, que sofre com atentados e ataques diários entre integrantes das duas vertentes do islamismo. Os conflitos cresceram em 2011, após a saída das tropas americanas e a ordem de prisão contra o vice-premiê, Tariq al Hashemi.

Essawi disse que abandonou o cargo por não concordar com a postura de Maliki, que é acusado de perseguir os xiitas. "Anuncio minha renúncia a um governo que não respeita os líderes iraquianos nem os filhos do povo iraquiano, e que põe em jogo a unidade do país e de seus clãs".

O ex-membro do governo é integrante do partido Al Iraquiya, que teve cerca de 20 membros presos pela polícia no início de janeiro. No dia 22, a agremiação anunciou o boicote às reuniões do gabinete e teve oito ministros demitidos por Maliki.

Além das mudanças políticas, Essawi foi acusado pelo governo de irregularidades financeiras e administrativas durante seu mandato. Durante discurso, ele ameaçou os xiitas, dizendo aos manifestantes que as tribos da Província de Anbar, que é sunita, são mais fortes que os de Fallujah, xiitas.

"Estou com vocês, minha opção não será um governo que deixou para trás seu povo, abriu fogo contra os filhos de Al Faluja e ameaça emitir ordens de prisão contra os líderes dos manifestantes".

CONFLITO SECTÁRIO

Os sunitas se sentem discriminados no Iraque após a entrada do atual chefe de governo, em 2006, mas tiveram privilégios durante o regime do ditador Saddam Hussein, derrubado em 2003 após ocupação de tropas dos Estados Unidos.

Eles reivindicam a libertação de presos políticos e a revogação da lei antiterrorista, que os sunitas acreditam ser usada contra eles. A intensidade das reclamações aumentou em 2011, após a ordem de prisão emitida contra o vice-premiê, Tariq al Hashemi, que está foragido desde então.

A instabilidade política motivou o aumento das ações terroristas, em especial atentados contra xiitas, que costumam aumentar nas épocas próximas a feriados religiosos. Na quinta (28), pelo menos 22 pessoas morreram em quatro explosões em bairros xiitas de Bagdá.


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