Folha de S. Paulo


Empresa diz que vírus de computador que atacou Irã foi criado em 2005

A arma cibernética direcionada a uma planta nuclear no Irã é mais antiga do que se acreditava anteriormente, segundo informou nesta terça-feira uma empresa especializada em antivírus.

Em junho, o jornal "New York Times" informou que fontes do governo americano disseram que um vírus de computador atrasou o programa nuclear iraniano. A publicação disse, na época, que o vírus Stuxnet mudou a programação das centrífugas de uma instalação nuclear iraniana em 2010.

O vírus teria sido desenvolvido por Israel e Washington para tentar impedir o crescimento do poderio atômico iraniano. Desde então, Irã, Israel e Estados Unidos estão em uma guerra cibernética com ataques contra órgãos do governo e aliados como a Arábia Saudita.

A origem exta do vírus ainda não é clara, mas até agora as versões mais antigas do Stuxnet eram datadas de 2009 mas, de acordo com a apuração do "New York Times", as primeiras versões da arma digital foram desenvolvidas em 2006.

Um relatório da Symantec, divulgado nesta terça-feira, entretanto, dá conta de que uma versão online do vírus já circulava em 2007, e que os elementos do programa podem ser rastreados até 2005.

Um analista independente que avaliou o relatório disse que os desenvolvedores do vírus tinham uma visão de bastante longo prazo.

"Ao que parece, alguém vem pensando nisso por muito, muito tempo, quase uma década", disse Alan Woodward, um professor de ciência da computação da Universidade de Surrey.

A Symantec chamou o Stuxnet de "uma das peças mais sofisticadas de malware que já foi desenvolvida" e disse que no último ano foi detectado "um pequeno número de infecções latentes".

Cerca da metade destas infecções estavam no Irã, mas outras apareceram nos Estados Unidos e em outros países.

O relatório da empresa sugere que a versão Stuxnet 0.5 foi terminada em novembro de 2007.

Era uma versão menos sofisticada do que as suas sucessoras, desenhada para interferir com as centrífugas nucleares ao abrir e fechar as válvulas que controlam o fluxo de gás de urânio, causando um aumento de pressão potencialmente danoso. As versões posteriores mudaram a maneira de agir do vírus.

A Kaspersky, uma empresa de segurança informática da Rússia, disse que no ano passado o Stuxnet estava vinculado a outro vírus informático apelidado de Flame, usado contra o Ministério do Petróleo da República Islâmica e que pode ter sido criado em 2007 ou 2008.


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