Folha de S. Paulo


Presidente do Chile visita locais atingidos por terremoto em 2010 e critica Bachelet

O presidente chileno, Sebastián Piñera, realizou ontem uma visita aos lugares atingidos pelo terremoto e o tsunami de 27 de fevereiro de 2010, que deixou mais de 700 mortos.

"Quando há um fenômeno tão brutal da natureza, tão violento, tão destrutivo, há uma razão para que os chilenos se unam e não para que se dividam", disse o mandatário, fazendo referência à politização feita pela tragédia pela imprensa e pela oposição.

Nas últimas semanas, a chegada da efeméride de três anos do desastre foi razão para que pré-candidatos às eleições de novembro criticassem a atuação de Michele Bachelet, presidente à época, e a de Piñera, que começou sua gestão tendo de lidar com a reconstrução após a tragédia.

O terremoto aconteceu no final do governo de Bachelet, que foi acusada de poder ter evitado o desastre, por ter sido avisada por meio de um sistema de monitoramento geológico.

A tragédia atingiu a região de Maule, destruindo casas, escolas e edifícios públicos. O terremoto atingiu 8,8 pontos na escala de magnitude de momento, e foi sucedido por um tsunami com ondas superiores a três metros.

Em entrevista a uma rádio, anteontem, Piñera lançou críticas à sua antecessora. "Quando alguém tem a informação necessária e suficiente para dar uma ordem de evacuação que nos permita salvar vidas, tem que dá-la, porque está colocando em risco vidas humanas."

Bachelet, que desde o final de seu mandato vive em Nova York, não se pronunciou. O retorno da ex-presidente ao Chile é esperado para fim de março, quando termina sua missão na ONU e ela pode se apresentar novamente como candidata, pela coalizão esquerdista Concertação.

Enquanto Piñera enfrenta uma baixa de popularidade, com menos de 40% de apoio, Bachelet surge como favorita em pesquisas de intenção de voto, com mais de 50%.

Os outros pré-candidatos, os conservadores Andres Allamand (Renovação Nacional) e Laurence Golborne (UDI), evitaram aparecer em público para evitar críticas de uso político do episódio. Ambos disputam a preferência do apoio de Piñera, que não pode se reeleger.

Além dos discursos, o mandatário inaugurou conjuntos habitacionais nas áreas afetadas e participaria de uma vigília na noite de ontem em memória das vítimas.


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