Folha de S. Paulo


Prisão de aliado de Ahmadinejad acirra disputa em Teerã

Autoridades judiciárias do Irã prenderam ontem um dos mais próximos aliados do presidente Mahmoud Ahmadinejad, acirrando disputas políticas que racham a cúpula do regime antes da eleição presidencial de junho.

A prisão surgiu dois dias após Ahmadinejad acusar de corrupção os seus maiores rivais internos, os irmãos Larijani, que controlam os poderes legislativo e o judiciário.

Político linha dura que ocupou vários cargos no governo Ahmadinejad, Saeed Mortazai foi levado a uma prisão de Teerã em meio a relatos conflitantes da mídia estatal.

Uma versão diz que a detenção se deu devido a suspeitas de desvio de verba pública. Outra afirma que Mortavazi foi preso por envolvimento na morte de manifestantes no rastro da turbulenta reeleição de Ahmadinejad, em 2009.

Mas a prisão alimenta especulações de possível manobra orquestrada pelos irmãos Larijani para enfraquecer o presidente.

No domingo, Ahmadinejad bateu boca no plenário do Parlamento com Ali Larijani, presidente do Legislativo, por causa da votação dos deputados que resultou no impeachment do ministro do Trabalho.

O ministro foi derrubado sob pretexto de ter dado um cargo importante a Mortazavi, contrariando a lei que veta contratação de réus.

Mortazavi é investigado pela tortura e morte de três opositores numa prisão em 2009, quando era procurador-geral de Teerã.

Para defender seus aliados, Ahmadinejad exibiu no telão do plenário parlamentar um vídeo onde Fazel, um dos irmãos Larijani, pede propina a Mortazavi em troca da promessa que a influente família passará a apoiar o presidente.

"Se o senhor [Larijani] quiser, posso repassar as 25 horas de gravação", ironizou Ahmadinejad, sob vaias do plenário, pró-Larijani.

O presidente do Parlamento negou estar por trás da proposta a Mortavazi e atacou Ahmadinejad. "O problema é que nosso presidente não respeita os princípios básicos do bom comportamento. Por que discutir isso aqui?", disse Larijani.

Após a prisão de Mortazavi, Ahmadinejad criticou a Justiça por "ir atrás de quem denunciou o crime em vez de prender o criminoso."

O pano de fundo dessa disputa é a eleição presidencial de junho. Impedido por lei de concorrer a um terceiro mandato consecutivo, Ahmadinejad busca emplacar um aliado na disputa. Mas Ali Larijani, provável candidato, tenta minar as chances dos seguidores do presidente.


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