Folha de S. Paulo


Série de atentados sectários no Iraque deixa pelo menos 24 mortos

Pelo menos 24 pessoas morreram e mais de cem ficaram feridas nesta quarta-feira em três atentados sectários no Iraque. As ações mostram o aprofundamento da divisão dentro do país, em especial entre o governo xiita e rebeldes sunitas e curdos.

O temor é que se repita a escalada da violência provocada pela ordem de prisão contra o vice-presidente Tariq al Hashemi, iniciada em dezembro de 2011. No mês seguinte à prisão, mais de 300 pessoas morreram em atentados organizados por sunitas contra xiitas.

A ação mais grave desta quarta-feira foi em Kirkuk, a 290 km ao norte da capital Bagdá. Pelo menos 13 pessoas morreram na cidade após a explosão de dois carros-bomba na porta do Partido Democrático do Curdistão, que administra a região independente habitada pela etnia no norte do país.

Segundo autoridades locais, outras 105 pessoas ficaram feridas na ação. A fachada dos prédios vizinhos e os carros estacionados na rua foram destruídos. A agremiação curda é liderada por Massoud Barzani, presidente da região iraquiana que abriga a etnia, que frequentemente entra em confronto com o governo central.

A cidade onde ocorreram os atentados é habitada por árabes, curdos e turcomanos, que disputam o controle da região, que possui grandes reservas de petróleo. Os curdos querem incorporar a área, mas contam com a oposição das outras etnias.

O partido curdo também foi alvo de outra explosão de um carro-bomba em Tuz Khormato, a 220 km de Bagdá e 77 km de Kirkuk. Na ação, duas pessoas morreram e outras 28 ficaram feridas.

BAGDÁ

Na capital Bagdá, pelo menos três pessoas morreram e mais de dez ficaram feridas em duas outras ações contra um posto de controle na zona de Al Shaab e após uma bomba explodir na região do Teatro Nacional iraquiano.

Os ataques acontecem em meio à tensão do governo de Nuri al Maliki, que é xiita, com grupos sunitas e curdos, que disputam o controle de diversas regiões dentro do país. As autoridades ainda não sabem quem fez os atentados, mas os principais suspeitos são insurgentes vinculados à rede terrorista sunita Al Qaeda.

As ações também podem ser uma represália contra a morte de um deputado sunita na terça (15), em um atentado na cidade de Fallujah. O político Ifan Saadoun al Issawi era figura proeminente no partido Al Iraquiya, que possui cargos no governo central, mas é a principal força de oposição contra Maliki.

A disputa sectária cresceu no país dias após a saída das tropas americanas, em dezembro de 2011, e está em um de seus momentos mais intensos nos últimos dois anos. As explosões desta quarta têm o maior saldo de mortos desde uma ação contra xiitas em Kirkuk, no último dia 1º, que deixou 26 mortos.


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