Folha de S. Paulo


Grupo rebelde curdo vê envolvimento nacionalista em mortes em Paris

Rebeldes curdos disseram nesta sexta-feira (11) que nacionalistas turcos podem ter assassinado três ativistas curdas em Paris. O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, disse que as mortes parecem o resultado de um ajuste de contas interno.

A polícia francesa encontrou na madrugada da última quinta-feira (10) os corpos de três ativistas curdas no Centro de Informações do Curdistão, em Paris.

As militantes mortas são Sakine Cansiz, uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, sigla em turco), representante do Congresso Nacional do Curdistão na França e funcionária do centro de informações, e Leyla Soylemez, uma jovem ativista. As três foram baleadas na cabeça.

O PKK disse que os assassinatos foram premeditados e planejados e advertiu que a França será responsabilizada se não desvendar as mortes.

A Turquia colocou em alerta suas missões na Europa --que abriga uma grande comunidade curda-- e pediu que as autoridades francesas aumentem a segurança após protestos do Partido da Democracia e Paz (BDP).

Cerca de 200 curdos gritando "Longa Vida ao PKK" e "Turquia, Terroristas", fizeram uma manifestação em frente à embaixada francesa em Estocolmo. Uma manifestação também foi planejada em Berlim, cidade que abriga grande população curda e turca.

"O ataque a três de nossas camaradas em uma época como esta é um ataque premeditado, planejado e organizado", disse um comunicado colocado no site da ala armada do PKK.

O comunicado culpa as "forças Gladio turcas e internacionais" pelos assassinatos, uma referência às operações anticomunistas Gladio da Otan na Guerra Fria, agora usada na Turquia como abreviatura para a violência nacionalista patrocinada pelo Estado.

A mídia turca sugeriu o possível envolvimento da Síria ou do Irã, países com minorias curdas e em divergência com Ancara por questões que incluem o conflito na Síria.

Erdogan disse que, embora seja necessário que as investigações terminem antes de uma conclusão definitiva, até agora as provas apontam para questões internas, já que o prédio é protegido por uma tranca codificada que só podia ser aberta por dentro.

"Aquelas três pessoas a abriram. Sem dúvida que não a abririam para pessoas que não conhecessem", disse Erdogan, segundo a agência de notícias estatal Anatolian.

Ele disse que as mortes também poderiam ter a pretensão de sabotar os esforços de paz com o PKK.

O PKK luta pela autonomia da territórios curdos desde 1984 e os conflitos com o governo turco já mataram cerca de 40 mil pessoas. A Turquia, os Estados Unidos e a União Europeia o consideram uma organização terrorista.

Recentemente, a Turquia retomou as negociações com o líder do partido Abdullah Ocalan --preso na Turquia--, em uma tentativa de fazer com que o grupo se desarme.


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