A vigilância sanitária da Rússia restringiu temporariamente as importações do frigorífico Mataboi Alimentos e elevou o controle de inspeção de outras cinco empresas brasileiras.
A medida passa a valer a partir do dia 15 deste mês para o Mataboi e já está em vigor nos outros casos.
Os cinco frigoríficos que terão o controle elevado são Frigol, JBS, Cooperativa Aurora, Irmãos Gonçalves e Frigo Estrela.
Neste sábado (4), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que o governo brasileiro não foi notificado sobre decisão.
O ministro diz que "ainda não sabe com certeza" do que se trata o caso, mas que não parece grave.
O setor também minimizou o fato. Antônio Camardelli, presidente da Abiec (associação de exportadores), afirma que o procedimento anunciado agora é comum e acontece desde que o Brasil fez acordo sanitário com a Rússia.
"Ele funciona como o alerta vermelho da Europa. Como não existe risco zero em epidemiologia, o governo russo monitora, e, quando alguma análise fica em desacordo, ele comunica nosso Ministério da Agricultura. As indústrias são notificadas, fazem plano de ação e o monitoramento continua até o frigorífico ser liberado", diz Camardelli.
Segundo ele, o procedimento não preocupa o setor. "A Rússia não está banindo nada. Ela tirou apenas um frigorífico temporariamente e manteve outros em monitoramento."
Para Francisco Turra presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o problema "é superável" e também não gera impactos nos mercados de bovinos e suínos.
A Rússia é o quinto maior importador de carne bovina "in natura" do Brasil.
De janeiro a setembro, o país comprou US$ 351,6 milhões. Hong Kong é o maior comprador, com US$ 701,7 milhões.
No mês passado, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vetou a compra da Mataboi pela JBJ, de José Batista Junior, irmão de Joesley e Wesley Batista, da JBS.
A Folha não conseguiu contactar as empresas citadas pelo órgão russo neste sábado até a conclusão desta reportagem.
A Frigol diz que as exportações de carne bovina de suas unidades de Lençóis Paulista (SP) e Água Azul do Norte (PA) para a Rússia estão normais. A empresa confirma que os órgãos de vigilância da Rússia comunicaram aumento nos controles microbiológicos, que passam a ser feitos em todos os contêineres recebidos no país.
"A Frigol reafirma o seu compromisso com a qualidade da carne exportada para a Rússia e outros dezenas de países, ressaltando que a produção sai do Brasil somente após passar por análises técnicas criteriosas em laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura", diz em nota a Frigol. Recentemente, a empresa abriu escritório comercial na Rússia.