Folha de S. Paulo


Petrobras diz que mudanças no conteúdo local são muito bem-vindas

A Petrobras afirmou nesta quinta (23) que as mudanças propostas pelo governo nas regras de conteúdo local do petróleo "são muito bem-vindas" e têm condições de incentivar novos investimentos no país.

Na quarta (22), o governo anunciou uma redução à metade das exigências de compras no país por empresas vencedoras de leilões de áreas para exploração de petróleo.

A medida recebeu duras críticas de fabricantes de federações de indústrias.

Em nota oficial, a Petrobras diz que os novos percentuais são factíveis, estimulam maior competitividade nos leilões e permitem que a indústria nacional tenha maior previsibilidade quanto à demanda futura.

A empresa mudou de postura com relação ao tema após a chegada de Pedro Parente, indicado pelo presidente Michel Temer, à presidência da companhia.

Na nota, ela argumenta que atrasos de mais de três anos na entrega de plataformas que seriam construídas no país provocaram uma perda de arrecadação de R$ 33 bilhões em oito anos.

"A primeira licitação para aquisição da plataforma do campo de Libra, no pré-sal, resultou em preço 40% superior aos parâmetros internacionais, refletindo as exigências da política de conteúdo local em vigor", argumentou a companhia.

Atualmente, a Petrobras discute com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) a possibilidade de contratar a plataforma no exterior.

Segundo a estatal, a avaliação positiva sobre as mudanças é compartilhada com as petroleiras estrangeiras Shell, Statoil, CNOOC, CNPC, Repsol e Galp, todas sócias em projetos do pré-sal.

Também nesta quinta, o Movimento Produz Brasil, que reúne associações de fabricantes e federações estaduais de indústrias divulgou nota de repúdio contra as mudanças.

"Na prática, esta decisão sinaliza o fim do conteúdo local", diz o texto, referindo-se à redução dos índices mínimos propostos pelo governo, que considera "muito abaixo do razoável.

A proposta prevê conteúdo local mínimo de 25% para a construção de poços e de plataformas e de 40% para sistemas de coleta e escoamento de petróleo e gás.


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