Folha de S. Paulo


Empréstimo com garantia do FGTS terá juros de até 3,5% ao mês

Marcos Santos/USP Imagens
Consignados com garantia dos recursos da conta do FGTS do trabalhador terão prazo máximo de 48 meses
Consignados com garantia dos recursos da conta do FGTS do trabalhador terão prazo máximo de 48 meses

Os empréstimos consignados feitos com garantia dos recursos da conta do FGTS do trabalhador terão prazo máximo de 48 meses e taxa de juros não superior a 3,5% ao mês.

A decisão foi tomada nesta terça-feira (6) pelo Conselho Curador do FGTS, órgão colegiado com representantes de trabalhadores, empregados e governo, que aprova as diretrizes de gastos do Fundo.

O início das operações, contudo, só ocorrerá no ano que vem, já que a Caixa, administradora dos recursos do Fundo, terá 90 dias para regulamentar o uso dos recursos.

Apesar de aprovada, a operação sofre resistência das empresas e de parte dos representantes dos trabalhadores.

A Folha apurou que o representantes dos bancos não votou por considerar que as condições não era adequadas. O setor de construção teme que os recursos do FGTS sejam retirados, o que diminuiria no futuro a quantidade de dinheiro disponível para o setor de construção de imóveis.

Outro temor é que os empréstimos sejam dados em observar a capacidade de pagamento e, depois, os trabalhadores comecem a forçar demissão para poderem usar a multa para quitar os valores.

A permissão para que os trabalhadores possam pegar empréstimo bancário usando os recursos do FGTS como garantia vinha sendo tentada desde o ano passado pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff, mas só pode ser concretizada após uma medida provisória ser aprovada pelo Congresso neste ano.

A proposta permite que os trabalhadores usem até 10% do saldo do FGTS como garantia e até 100% do valor da multa rescisória paga pelo empregador em caso de demissão sem justa causa, demissão por culpa recíproca ou força maior.

A estimativa do Ministério da Fazenda em março, quando a proposta foi enviada, era que se 10% dos trabalhadores usassem suas garantias para o consignado, o potencial de novas operações poderá chegar a R$ 17 bilhões.

A falta de garantia vinha travando os empréstimos a trabalhadores do setor privado. Segundo dados de maio do Banco Central, apenas 6,45% do empréstimos consignados concedidos foram para trabalhadores do setor privado. A maior parte foi destinada a funcionários públicos (cerca de 60%) e aposentados e pensionistas do INSS (33%).

Em outra decisão, o conselho também alterou a faixa de teto de financiamento de imóveis pelo FGTS de 108 cidades do país com população entre 100 mil e 200 mil habitantes, aumentando o valor do bem para até R$ 135 mil, contra R$ 105 mil até hoje.


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