Folha de S. Paulo


Após dez anos sem revisar contas argentinas, FMI elogia governo Macri

Em mais uma passo em direção à inserção no mercado internacional, a Argentina permitiu que uma equipe do FMI analisasse suas contas nos últimos 11 dias.

Ao deixarem o país, técnicos do fundo divulgaram, nesta quinta (29), uma nota cheia de elogios às políticas de Mauricio Macri e de críticas ao governo de Cristina Kirchner (2007-2015).

O FMI não revisava os dados econômicos do país desde 2006, ano em que o então presidente, Néstor Kirchner, suspendeu a submissão das contas nacionais ao órgão.

Segundo o responsável pela visita técnica, Roberto Cardarelli, Macri recebeu um país, no fim do ano passado, quando assumiu a presidência, com desequilíbrios macroeconômicos generalizados, distorções microeconômicas e um marco institucional frágil.

"Os níveis de consumo eram elevados de forma insustentável, o investimento estava em níveis historicamente baixos e os deficits fiscais se financiavam com a criação de dinheiro, o que gerou um alto nível de inflação", afirmou Cardarelli em referência às políticas kirchneristas.

Também foram criticadas as barreiras comerciais e o controle cambial e de preço.

"Diante dessa difícil situação, o novo governo lançou uma transição ambiciosa e necessária para um marco melhor de política econômica."

De acordo com o órgão, as medidas de Macri, que incluem aumento de 500% nas tarifas de serviços públicos, produziram um impacto negativo "inevitável" de curto prazo. Elas, no entanto, eram necessárias para um crescimento sólido.

"Deve-se parabenizar o governo por seu claro compromisso de diminuir a inflação a níveis de um dígito e de reduzir o deficit fiscal."

Os técnicos do FMI ainda aconselharam que se elabore um plano fiscal de médio prazo e aumente a eficiência do gasto público para que se possa reduzir a carga tributária, o que é "muito necessário".

Apesar de ter sido divulgado pelo próprio FMI, o comunicado não representa a opinião da direção-executiva do órgão, mas dos profissionais que estiveram na Argentina nos últimos dias. Um relatório elaborado pelos técnicos ainda deverá ser submetido à direção do FMI.


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