Folha de S. Paulo


Com cenário externo negativo, Bolsa cai 3% e dólar sobe para R$ 3,32

Susana Vera/Reuters
Commodities, falta de novos estímulos monetários e cautela com BC dos EUA derrubam mercados

O Ibovespa recuou 3%, e o dólar avançou frente ao real, para a casa dos R$ 3,32, nesta terça-feira (13).

O mercado doméstico foi pressionado pelo cenário externo negativo, com a queda dos preços do petróleo e do minério de ferro. Também no exterior, a moeda americana se fortaleceu por causa da busca de investidores por segurança, e as Bolsas caíram.

Os preços do petróleo recuaram cerca de 3%. A AIE (Agência Internacional de Energia) divulgou que o excesso de oferta global da commodity vai durar mais do que o estimado inicialmente. Já o minério de ferro caiu quase 3% na China.

Segundo analistas, os mercados também refletiram a percepção de que os bancos centrais não deverão lançar novas medidas de estímulo para conter uma desaceleração da economia global.

"Depois que se percebeu que o impacto do brexit [saída do Reino Unido da União Europeia] na economia global não será tão forte, os bancos centrais estão menos dispostos a ampliar suas políticas de estímulo monetário, mesmo diante de dados fracos de atividade", afirma José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos. "Isso mexe com o humor dos investidores, que temem a retirada desses incentivos."

Prevaleceu ainda a cautela de investidores antes da reunião de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), na semana que vem, apesar de a probabilidade de uma alta dos juros neste mês ser de apenas 22%, segundo a agência internacional Bloomberg.

No campo doméstico, mantiveram-se as incertezas após a esperada cassação do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

Para analistas da Guide Investimentos, uma delação premiada de Cunha segue sendo um risco para o governo Temer, "que deve afastar todo e qualquer envolvido". A Guide pondera, no entanto, que o placar da sessão que cassou Cunha (450 votos a 10) mostra que o ex-presidente da Câmara está enfraquecido.

Para Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos, as consequências da cassação de Cunha são um evento menos importante neste momento. ""Temos um problema político maior, que é a aprovação das reformas no Congresso, e a perspectiva é de que isso não será fácil, ainda mais com a proximidade das eleições municipais", afirma.

Segundo Espírito Santo, se as reformas forem adiadas para 2017, "isso cairá muito mal em um mercado que já subiu muito neste ano".

BOLSA

O principal índice da Bovespa fechou em baixa de 3,01%, aos 56.820,77 pontos —a menor pontuação desde 2 agosto deste ano (56.162,38 pontos). O giro financeiro foi de R$ 8,1 bilhões.

Pressionadas pelo petróleo, as ações da Petrobras perderam 6,73%, a R$ 13,01 (PN), e 7,61%, a R$ 14,81.

As ações da Vale reagiram à queda do minério de ferro na China e recuaram 6,93%, a R$ 13,82 (PNA), e 6,97%, a R$ 16,27 (ON).

Entre as siderúrgicas, Gerdau PN caiu 8,75%; Metalúrgica Gerdau PN, -8,43%; Usiminas PNA, -7,71%; CSN ON, -7,39%.

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN terminou com perda de 1,98%; Bradesco PN, -4,16%; Bradesco ON, -3,23%; Banco do Brasil ON, -3,63%; Santander unit, -3,32%; e BM&FBovespa ON, -3,35%.

CÂMBIO E JUROS

O dólar à vista encerrou a sessão em alta de 1,41%, a R$ 3,3223; o dólar comercial ganhou 2,09%, a R$ 3,3170.

O real teve a maior queda frente ao dólar nesta sessão. Analistas destacam, porém, que a moeda brasileira foi a que mais subiu no ano.

DÓLAR
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NOTAS DE DÓLAR

Pela manhã, como tem ocorrido diariamente, o Banco Central leiloou 10.000 contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 500 milhões.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 subiu de 13,975% para 14,000%; o contrato de DI para janeiro de 2018 avançou de 12,550% para 12,680%; e o contrato de DI para janeiro de 2021 subiu de 11,980% para 12,260%, refletindo a apreciação do dólar.

O CDS (credit default swap) de cinco anos brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, subia 6,22%, aos 269,516 pontos, na maior alta porcentual desde 24 de junho deste ano (+6,49%).

EXTERIOR

Em Nova York, o índice S&P 500 encerrou a terça-feira com queda de 1,48%; o Dow Jones recuou 1,41%; e o Nasdaq, -1,09%.

Na Europa, a Bolsa de Londres terminou o pregão em queda de 0,53%; Paris, -1,19%; Frankfurt, -0,43%; Madri, -1,61%; e Milão, -1,74%.

Na China, apesar de dados econômicos positivos, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve queda de 0,07%. O índice de Xangai ganhou 0,06%.

Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 0,34%.


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