Folha de S. Paulo


Accor quer aumentar em mais de 60% a sua rede no Brasil

Gonzalo Fuentes/Reuters
Accor tem um dos planos de expansão mais arrojados de no Brasil neste momento de recessão
Accor tem um dos planos de expansão mais arrojados de no Brasil neste momento de recessão

A rede AccorHotels pretende aumentar em mais de 60% nos próximos quatro anos o seu número de hotéis no Brasil, em um dos planos de expansão mais arrojados de uma empresa no país neste momento de recessão econômica.

Olivier Hick, vice-presidente do grupo francês, afirmou que a empresa pretende ter 400 hotéis em 163 cidades brasileiras até 2020. Atualmente, ela tem 244 hotéis em cem localidades, suficiente para torná-la a maior operadora de hotéis no Brasil.

Apesar de a recessão profunda vivida pelo Brasil ter abatido os gastos dos consumidores, a desvalorização do real em relação ao dólar tem levado muitos brasileiros a optarem por fazer turismo no país, em vez de viajarem para o exterior. O câmbio também tem atraído turistas estrangeiros.

"Os brasileiros têm viajado pelo país, em lugar de irem para a Europa e para os EUA", disse Hick.

"Nos últimos dois anos, o real recuou cerca de 30% em relação ao dólar, para R$ 3,25. Esse movimento tem beneficiado as lojas de alto padrão, à medida que os mais ricos vêm reduzindo suas viagens para Miami.

Hick afirmou também que os Jogos Olímpicos, que começam no Rio nesta semana, devem aumentar a visibilidade do Rio como destino turístico, apesar de todos os problemas afetando o evento.

O plano ambicioso da AccorHotels acontece em um momento em que muitas empresas no Brasil vivem dificuldades para continuar operando.

As estimativas apontam que a maior economia da América Latina deve encolher mais de 3% neste, depois da retração de 3,8% do PIB no ano passado. A inflação ronda os 9% ao ano, e a taxa de desemprego supera 11%.

A crise política do país tem levado muitas multinacionais estrangeiras a suspender seus investimentos, esperando o resultado da votação do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.

A AccorHotels não está imune a esses problemas no Brasil –o país, ao lado da França, representou um dos piores desempenho do grupo no primeiro semestre. Mas Hicks afirma que vê a crise mais como "uma oportunidade do que uma ameaça".

A recessão, afirma, tem facilitado a compra de hotéis independentes em dificuldades financeiras. "O Brasil tem todos os ingredientes para se recuperar –é só algo que faz parte do ciclo econômico."

Hicks afirma ainda que, estruturalmente, o mercado brasileiro representa uma das maiores oportunidades para o grupo em todo o mundo.

Enquanto na Ásia 80% dos negócios da Accor vêm do turismo, e apenas 20%, de clientes corporativos, no Brasil acontece o contrário. Em São Paulo, até 85% dos hóspedes são de turistas a negócios.

O plano da rede, no entanto, é aumentar as unidades com perfil mais voltado para as famílias. Ela pretende que 40% da sua oferta no Brasil até 2020 seja voltada para o turismo de lazer.


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