Folha de S. Paulo


Rodrigo Maia prevê queda de juro após Congresso aprovar agenda econômica

Alan Marques/Folhapress
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, dá entrevista no salão Verde da Congresso Nacional
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ)

No dia em que o Banco Central sinalizou que ainda não é possível reduzir os juros, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse à Folha que a aprovação da agenda econômica no Legislativo vai abrir espaço para a volta do crescimento e a queda da taxa Selic.

"Hoje, de fato, não há espaço [para queda dos juros]", afirmou, acrescentando que, "depois do julgamento do impeachment e da aprovação de projetos como a renegociação da dívida dos Estados e, principalmente, do teto dos gastos públicos, haverá um impulso forte na economia e os juros vão cair".

Rodrigo Maia estabeleceu como temas prioritários para votação na volta do recesso legislativo o projeto da renegociação das dívidas estaduais, o que flexibiliza as regras que obrigam a Petrobras a ser a operadora única do pré-sal e o que cria o limite para crescimento das despesas públicas federais e estaduais.

O presidente da Câmara, que já trabalhou no mercado financeiro, afirmou que o reequilíbrio das contas públicas, a ser garantido pela aprovação da agenda econômica no Congresso, vai permitir que o país cresça 2% no próximo ano, podendo atingir inclusive uma taxa de crescimento de 4% em 2018, último ano de um eventual governo Temer, caso o Senado confirme o afastamento definitivo da presidente Dilma Rousseff.

Na avaliação de Rodrigo Maia, o momento é propício para o governo federal mostrar a importância do ajuste fiscal diante do grave desequilíbrio das contas públicas, um dos fatores que levaram à recessão que o país enfrenta nos dois últimos anos.

"É preciso ganhar esta batalha de comunicação, mostrando à população a necessidade de equilibrar as contas públicas para a inflação cair. Hoje, todo mundo que vai ao supermercado sente como tudo ficou mais caro", afirmou.

Nesta terça-feira (26), o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), quando a taxa Selic foi mantida em 14,25% ao ano. No documento, o BC indicou que ainda não é possível iniciar uma flexibilização da política monetária porque a inflação tem recuado a uma velocidade "aquém da almejada".

O documento, com 20 parágrafos, ganhou novo formato, mais sucinto e com linguagem mais clara. Nele, o banco afirma que, apesar de a inflação estar caindo mais lentamente do que o previsto, há perspectiva de progresso no combate à inflação, o que é apontado pela queda nas expectativas para 2017 e 2018.

As projeções do BC para a inflação são de 6,75% em 2016, acima do limite de 6,5%. Para 2017, estão em 4,5%, no cálculo que considera a manutenção da taxa atual de juros. Se a taxa básica cair, como prevê o mercado, a inflação terminaria o próximo ano em 5,3%, o que significaria uma "desinflação" em velocidade aquém da perseguida pelo Copom, segundo a instituição.


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