Folha de S. Paulo


Com Uber, sauditas querem estimular empreendedorismo

Kai Pfaffenbach - 15.set.14/Reuters
Arábia Saudita anunciou investimetno de US$ 3,5 bilhões no Uber

O investimento de US$ 3,5 bilhões no Uber anunciado pela Arábia Saudita na semana passada reflete não apenas a ambição do fundo do governo de gerar crescimento e tornar a economia menos dependente do petróleo.

Segundo pessoas envolvidas nas negociações, os sauditas também ficaram interessados pela possibilidade de o Uber encorajar o empreendedorismo e atrair mais mulheres para o mercado de trabalho.

A empresa norte-americana afirma que apoia o plano da Arábia Saudita de colocar mais 1,3 milhão de mulheres no mercado de trabalho até 2030, elevando a participação feminina para 30%, ante os atuais 22%.

Para Mudassir Sheikha, diretor do Careem (principal rival do Uber na região e que tem sede em Dubai), o investimento do fundo do governo saudita na empresa americana também pode ser benéfico para o desenvolvimento das empresas de tecnologia não só no país, mas em todo o Oriente Médio.

A legislação antiquada da região, assim como medidas protecionistas ao monopólio dos táxis, tem sido uma ameaça para os aplicativos de caronas.

O Careem afirma que tem crescido mais forte do que o Uber no Oriente Médio e no norte da África. Segundo a empresa, ela tem de 30% a 40% mais clientes e empregados do que o concorrente norte-americano.

Atualmente, 40% da companhia está nas mãos de sauditas, inclusive do fundo do governo local. Por isso, a injeção de US$ 3,5 bilhões no Uber vem gerando rumores de que os americanos podem comprar o Careem.

"É muito mais simples para o Uber hoje comprar o Careem dos investidores sauditas do que investir no crescimento da empresa na região", afirmou um consultor que pediu para não ser identificado.

Os criadores do Careem afirmam, no entanto, que estão comprometidos em construir uma empresa que "faça a vida mais fácil e seja inspiradora". Essa ambição, afirma Sheikha, não inclui ser vendido.


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