Folha de S. Paulo


Dólar cai a R$ 3,52 e Bolsa sobe 1,47% com dados fracos de emprego nos EUA

Fernando Frazão - 24.jul.2012/Folhapress
Real se valorizou ante o dólar com queda nas apostas de aumento dos juros americanos

O dólar fechou em forte baixa ante o real nesta sexta-feira (3), em linha com o movimento global da moeda americana. Os dados de maio do mercado de trabalho americano vieram abaixo das expectativas, o que reduziu as apostas de alta iminente dos juros nos EUA.

A moeda americana recuou 1,7%, retornando ao patamar de R$ 3,52. Os juros futuros e o CDS (credit default swap) do país, indicador da percepção de risco, também caíram.

O Ibovespa subiu 1,47%, acima dos 50.000 pontos. O índice foi beneficiado pela desvalorização do dólar, que tornou os mercados emergentes, como o brasileiro, mais atraentes para os investidores. O volume negociado na Bolsa, porém, se manteve baixo, R$ 5,5 bilhões.

Segundo analistas, o cenário externo se sobrepôs ao interno nesta sexta-feira. Entretanto, permanece o otimismo no mercado doméstico após o governo do presidente interino Michel Temer ter conseguido a aprovação da DRU (Desvinculação de Receitas da União) em primeira votação na Câmara dos Deputados.

"A simples melhora da perspectiva política em torno do novo governo trouxe um alívio e impactou positivamente no mercado", avalia a equipe de análise da Lerosa Investimentos, em relatório. "Apesar do ajuste fiscal proposto por Temer ficar debilitado com reajuste dos servidores, deve ser encarado como afago ao Congresso para votação de temas mais importantes", acrescenta.

A possível aceleração do processo do impeachment da presidente Dilma Rousseff também anima os investidores.

CÂMBIO E JUROS

O dólar comercial, utilizado em contratos de comércio exterior, caiu 1,70%, a R$ 3,5270. A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, fechou em baixa de 1,66%, a R$ 3,5330.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 recuou de 13,615% para 13,565%. O contrato de DI para janeiro de 2021 caiu de 12,640% para 12,430%.

O CDS brasileiro, espécie de seguro contra calote, caía 3,29%, aos 341,262 pontos.

BOLSA

O principal índice da Bolsa paulista encerrou a sessão aos 50.619,50 pontos, impulsionado principalmente pelos papéis da mineradora Vale e de siderúrgicas. Na semana, o Ibovespa avançou 3,2%.

Os papéis da Vale ganharam 7,67%, a R$ 12,62 (PNA), e 8,62%, a R$ 16,24 (ON), impulsionados ainda pela alta do minério de ferro na China. Entre as siderúrgicas, CSN ON ganhou 7,78%; Gerdau PN, +6,26%; e Usiminas PNA, +5,81%.

Apesar do recuo do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras subiram 2,02%, a R$ 8,57 (PN), e 1,02%, a R$ 10,81 (ON).

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 0,26%; Bradesco PN, +0,50%; Banco do Brasil ON, +2,36%; Santander unit, +1,16%; e BM&FBovespa ON, +2,71%.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, os índices recuaram. O Dow Jones terminou em queda de 0,18%; o S&P 500, -0,29%; e o Nasdaq, -0,58%.

O número de vagas criadas nos EUA no mês passado foi de 38 mil, o menor em mais de cinco anos, segundo o Departamento do Trabalho. O dado foi prejudicado pela greve de funcionários da Verizon e pela queda do emprego no setor de produção de bens.

O indicador pode tornar mais difícil para o Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevar os juros neste mês ou em julho.

Na Europa, as Bolsas caíram, com o aumento dos temores de desaceleração global após os dados fracos de emprego nos EUA. Na Ásia, a maioria das Bolsas fechou em alta, antes da divulgação dos números do mercado de trabalho americano.


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