Folha de S. Paulo


Bolsa tem alta de 1,78% com notícias favoráveis a Temer; dólar à vista cai

Uma sequência de notícias favoráveis ao governo do presidente interino Michel Temer trouxe otimismo ao mercado nesta quinta-feira (2). O Ibovespa terminou a sessão em alta de 1,78%. O dólar à vista caiu, assim como os juros futuros de longo prazo e o CDS (credit default swap) do país, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco. O dólar comercial fechou praticamente estável.

O principal índice da Bolsa paulista operava no campo positivo desde cedo, com os investidores repercutindo a aprovação em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, da DRU (Desvinculação de Receitas da União).

Analistas destacam que o placar da votação demonstrou a força do governo Temer no Legislativo. A PEC foi aprovada por 334 votos a 90. Para ser avalizada, precisava de, pelo menos, 308 votos a favor. Foi a segunda vitória de Temer —a primeira foi a aprovação da meta fiscal.

Contribuiu para o bom humor dos investidores a produção industrial brasileira, que registrou uma leve alta de 0,1% em abril na comparação com os três meses anteriores, após já ter avançado 1,4% em março, conforme dados divulgados pelo IBGE nesta quinta-feira.

A Bolsa ganhou ainda mais impulso com a notícia de que a Comissão Especial do Impeachment reduziu em 20 dias o prazo para a tramitação do processo. Dessa forma, a votação final do impeachment pode acontecer em meados de julho. A defesa da presidente afastada Dilma Rousseff irá recorrer da decisão no STF (Supremo Tribunal Federal).

"É importante para a consolidação do novo governo que o processo de impeachment seja concluído logo", avalia Phillip Soares, analista da Ativa Investimentos. Para o mercado, as chances de Dilma ser absolvida no processo são remotas.

"O mercado só não se empolgou ainda mais por causa da aprovação do megapacote de reajuste para o funcionalismo federal", comenta um operador. O impacto desse reajuste nas contas públicas é de ao menos R$ 58 bilhões até 2019.

PETRÓLEO

O Ibovespa encerrou o pregão aos 49.887,24 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,8 bilhões. Foi o segundo dia seguido de alta da Bolsa.

Além do cenário político mais positivo para o mercado, o índice também foi impulsionado também pela recuperação dos preços do petróleo e da alta na Bolsa de Nova York.

As ações da Petrobras ganharam 2,68%, a R$ 8,40 (PN), e 2,78%, a R$ 10,70 (ON). Os papéis foram beneficiados pela recuperação dos preços do petróleo, com a queda dos estoques americanos semanais da commodity. O movimento ocorreu mesmo depois de a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não ter chegado a um acordo para limitar a produção mundial durante encontro em Viena.

Ainda sobre a Petrobras, em seu primeiro discurso como presidente da estatal, Pedro Parente defendeu a revisão da lei do pré-sal, atualmente em discussão no Congresso, e disse ser favorável a maiores parcerias para investimentos.

As ações da Vale terminaram em alta de 3,35%, a R$ 11,72 (PNA) e de 3,60%, a R$ 14,95 (ON).

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 1,11%; Bradesco PN, +3,23%; Banco do Brasil ON, +1,99%; Santander unit, +1,81%; e BM&FBovespa ON, +0,99%.

As ações das empresas de educação Kroton e Estácio foram destaque de alta, avançando 13,55% e 23,73%, respectivamente. A Kroton, maior companhia de ensino superior privado do país, anunciou nesta quinta-feira que está avaliando a compra da rival Estácio em uma operação envolvendo apenas ações.

CÂMBIO E JUROS

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 0,51%, a R$ 3,5926. O dólar comercial, utilizado em contratos de comércio exterior, ficou praticamente estável, com alta de 0,02%, a R$ 3,5880.

No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 fechou com leve avanço, de 13,605% para 13,615%; o contrato de DI para janeiro de 2021 caiu de 12,770% para 12,640%.

O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote, perdia 2,18%, aos 352,993 pontos, indicando menor percepção de risco do país.

"Notícias favoráveis ao governo Temer, como a aprovação da DRU, a produção industrial melhor que a esperada e o adiantamento do impeachment, trouxeram otimismo aos investidores", afirma Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor. "Além disso, a recuperação dos preços do petróleo colaborou para o fortalecimento do real", acrescenta.

EXTERIOR

Na Bolsa de Nova York, os índices fecharam em alta, com a melhora nos preços do petróleo.

Os investidores aguardam os dados de emprego americano que sairão nesta sexta-feira (3). O indicador pode dar mais sinais sobre uma alta dos juros no país neste mês ou em julho. Se a criação de vagas for mais forte que a esperada, as apostas de aumento dos juros em junho devem aumentar.

O índice S&P 500 ganhou 0,28%; o Dow Jones, +0,27%; e o Nasdaq, +0,39%.

Na Europa e na Ásia, os índices acionários fecharam com sinais mistos.


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