Folha de S. Paulo


Governo ainda não tem plano para salvar Eletrobras de processo nos EUA

Vanderlei Almeida - 14.abr.2011/AFP
(FILE) Aerial picture of the Angra 3 nuclear plant under construction in Angra dos Reis, south of Rio de Janeiro, Brazil, on April 14, 2011. The president of the nuclear power company Eletronuclear, subsidiary of Brazilian state-run power group Eletrobras, Othon Luiz Pinheiro da Silva, and the president of AG Energy at Andrade Gutierrez, Flavio David Barra, were arrested on July 28, 2015 in a wide corruption probe, after judge Sergio Moro ordered them to be remanded in custody. Pinhero da Silva is suspected of taking more than a million US dollars in bribes from construction companies during the tender for the construction of the Angra 3 Nuclear Power Plant. AFP PHOTO / VANDERLEI ALMEIDA ORG XMIT: VAN701
Imagem aérea da usina nuclear Angra 3, subsidiária da Eletrobras, em Angra dos Reis (RJ)

Sem ainda uma solução para o problema, o governo e a Eletrobras vão pedir mais tempo para conseguir publicar o balanço nos Estados Unidos e evitar um processo que poderia levar à insolvência da estatal.

Os novos ministros da área econômica ainda não sabem exatamente o que fazer com a bomba que receberam da Eletrobras e estão tentando desenvolver um plano para conter os danos que uma possível exclusão da empresa da bolsa de valores de Nova York causaria.

Esse é o maior problema deixado no colo do novo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho.

O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, passou pelo MME nesta terça (17) e não levou boas notícias a Bezerra. Está dado que a estatal não conseguirá cumprir o prazo para a publicação do balanço na SEC (a Comissão de Valores Mobiliários americana).

Um trabalho de investigação que já custou R$ 160 milhões à Eletrobras, conduzido pelo escritório Hogan Lovells, está longe do fim, e a KPMG, auditora responsável por aprovar os balanços, se recusa a assinar sem a conclusão desse processo.

A exigência da auditora decorre dos escândalos de corrupção que envolvem obras capitaneadas pela Eletrobras, principalmente as usinas Belo Monte, no rio Xingu (PA), e a nuclear Angra 3, no Rio de Janeiro.

Essa seria a terceira vez que a companhia pede mais tempo para conseguir publicar o formulário 20F, que substitui o balanço. As outras vezes foram em 2015.

Caso o choro não convença os executivos americanos, o governo pretende adicionar ao deficit fiscal do ano a provisão da capitalização necessária para que a estatal coloque parte das contas em dia.

O rombo da Eletrobras, na pior das hipóteses, pode alcançar R$ 40 bilhões na avaliação do governo, quase a metade do valor de seus ativos.

Havia a previsão de um encontro entre Bezerra e os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, e do Planejamento, Romero Jucá, para discutir uma saída.

Porém, o único a passar pelo Ministério foi o presidente da estatal, que não trouxe boas notícias.

Sem o aval da KPMG, com o vencimento do prazo nesta quarta-feira (18), a NYSE (bolsa de valores de Nova York) deve iniciar o processo para retirar a Eletrobras da lista de empresas que negociam ações naquela bolsa.

Somente o processo de "deslistagem" pode custar até R$ 600 milhões para a companhia brasileira. Caso o processo culmine realmente na exclusão da estatal, ela precisará recomprar todos os papeis vendidos na NYSE.

O principal problema, porém, são os gatilhos para antecipação do vencimento de títulos vendidos no exterior –são os chamados "covenants" que fazem o governo avaliar rombo tão grande.

Por outro lado, o diretor financeiro da companhia, Armando Casado de Araújo, entende que a publicação do balanço no Brasil é suficiente para que esses gatilhos não sejam disparados.


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