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BC japonês mantém política monetária e adia data para bater meta de inflação

Thomas Peter/Reuters
Presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, durante entrevista após reunião de abril de 2016
Presidente do banco central japonês, Haruhiko Kuroda, durante entrevista após reunião de abril de 2016

O banco central do Japão decidiu não expandir o estímulo monetário nesta quinta-feira (28), contrariando as expectativas do mercado por ação mesmo com a demanda global fraca, o iene forte e a fraqueza do consumo ameaçando afetar a frágil recuperação econômica.

O iene teve uma das maiores altas frente ao dólar e ao euro em quase seis anos, reflexo da surpresa dos investidores com a decisão. O índice japonês Nikkei caiu 3,6%.

O presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, deixou a porta aberta para mais estímulos, destacando que não há limites para o que a política monetária pode fazer para resolver os fortes riscos à perspectiva.

"Não há absolutamente nenhuma mudança em nossa postura de buscar alcançar inflação de 2% o mais rápido possível, e de fazer o que for necessário para conseguir isso", disse Kuroda em entrevista à imprensa. "Se necessário, podemos aprofundar os juros negativos muito mais."

Nesta quinta-feira, o Banco do Japão manteve sua promessa de elevar a base monetária, ou dinheiro e depósitos em circulação, a um ritmo anual de 80 trilhões de ienes (US$ 730 bilhões) através de agressivas compras de ativos. Também deixou inalterada a taxa de juros a -0,1% que aplica a algumas reservas em excesso que instituições financeiras deixam no banco central.

O banco central ainda decidiu adotar um programa de empréstimo de 300 bilhões de ienes (US$ 2,75 bilhões) oferecendo fundos a juros zero em áreas afetadas pelo terremoto deste ano no sul do Japão.

Kuroda defendeu a decisão de manter a política monetária, dizendo que uma melhora constante na economia permite que o banco central gaste mais tempo estudando o efeito de suas medidas de afrouxamento anteriores.

"Adotamos ações preventivas ao adotar taxa de juros negativa em janeiro...agora é a hora de ver como o efeito de nossas políticas se transmite para a economia", disse ele.

O Banco do Japão também reduziu suas perspectivas para a inflação em uma revisão trimestral de suas projeções. E, novamente, adiou o momento de atingir sua meta de alta de preços de 2%, em seis meses, dizendo que isso pode não acontecer até março de 2018, no mais tardar.


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