Folha de S. Paulo


Bancos renegociam empréstimos de grandes empresas

Os bancos brasileiros estão fazendo um esforço concentrado para evitar que um grupo de grandes empresas fique inadimplente. Entre as medidas adotadas estão a renegociação de empréstimos e a avaliação de venda de patrimônio para cobrir dívidas.

A inadimplência dessas companhias pode levar os bancos a provisionar até 100% do valor emprestado para cobrir o risco de calote.

Além disso, a entrada de uma dessas empresas em recuperação judicial obrigaria o sistema financeiro a fazer uma reserva contra inadimplência equivalente a algo entre 30% e 70% dos recursos.

As estimativas iniciais são que a piora no cenário econômico e a Lava Jato colocaram em risco a saúde financeira de um grupo entre 10 e 15 grandes companhias. O valor total dessas dívidas é estimado em R$ 200 bilhões.

Dentro do governo, a avaliação é que os grandes bancos têm condições de suportar esses custos. Já as instituições de médio porte podem ficar insolventes, levando a uma crise sistêmica que afetaria toda a economia.

Em geral, esses grandes empréstimos são feito por meio de um grupo de bancos, o que visa, por exemplo, reduzir riscos. Por isso, a renegociação dos débitos também é feita em conjunto.

Entre os setores mais atingidos, estão os de construção civil e infraestrutura, do qual fazem parte as grandes empreiteiras do país.

No ano passado, houve mais de 1.300 pedidos de recuperação judicial, de todo porte de empresas. Em 2014, foram cerca de 800 pedidos. O movimento foi impulsionado pela Operação Lava Jato.

Em relatório recente, o BC considerou que, apesar dessa piora, o sistema financeiro continua capaz de suportar uma onda de calotes de empresas citadas na Lava Jato.

Entre os bancos, no entanto, há dúvidas sobre a solvência das instituições menores.

Os bancos têm pedido ao governo a adoção de medidas que podem ajudar nessas negociações, como a liberação de recursos dos compulsórios e a revisão de exigências de provisões contra calotes.

Integrantes da equipe econômica afirmam, no entanto, que essas medidas podem afetar ainda mais a credibilidade do governo e resistem a tomar ações nesse sentido.

A questão dos estímulos ao crédito divide a equipe econômica. A Fazenda vem anunciando medidas nesse sentido, mas o BC tem a avaliação de que o problema não é a falta de recursos, mas de demanda das empresas e famílias.


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