Folha de S. Paulo


Carros de luxo europeus avançam em mercado da Coreia do Sul

Arnd Wiegmann/Reuters
New Bentley EXP 10 concept car is seen during the second press day ahead of the 85th International Motor Show in Geneva March 4, 2015. REUTERS/Arnd Wiegmann (SWITZERLAND - Tags: TRANSPORT BUSINESS) ORG XMIT: RSS01
Modelo Bentley EXP 10 em exposição em Genebra, na Suíça, durante salão de automóveis

A Coreia do Sul está se tornando um mercado importante para os fabricantes europeus de automóveis de luxo, agora que os ricos do país estão buscando se destacar em meio à multidão, comprando veículos importados de marcas como Audi, Mercedes-Benz e Maserati.

O país continua a ser um dos poucos mercados dominados por montadoras locais, com a Hyundai Motor e sua afiliada Kia Motors respondendo por 70% do mercado nacional de automóveis.

Mas os consumidores mais ricos cada vez mais buscam no exterior os seus carros.

As vendas dos carros estrangeiros de luxo com preço superior a 100 milhões de won (US$ 86 mil ou cerca de R$ 309,6 mil) subiram em 52,5% em 2015, ante o ano anterior, para 22.844 unidades.

A alta foi o dobro do crescimento geral dos veículos importados, de acordo com a Associação dos Importadores e Distribuidores de Automóveis da Coreia (Kaida).

MAIOR É MELHOR

A porcentagem de importados no segmento de carros de preço superior a US$ 100 mil também cresceu, de 7,7% em 2014 a 9,3% no ano passado. "A Coreia do Sul é um dos poucos mercados do planeta, excetuado o dos EUA, no qual as pessoas preferem veículos grandes, a despeito dos congestionamentos de trânsito e da superlotação dos estacionamentos, porque são vistos como um símbolo de status, disse Yoon Dae-sung, diretor executivo da Kaida.

Poucos anos atrás, carros importados eram raridade na Coreia do Sul, já que os cidadãos optavam por veículos fabricados no país. Carros estrangeiros podiam ser alvo de vandalismo ou mesmo servir para colocar um contribuinte na malha fina.

Mas as percepções mudaram abruptamente e as vendas decolaram desde os acordos de livre comércio com os Estados Unidos e a Europa, em 2011 e 2012, que reduziram abruptamente as tarifas de importação.

A fatia de mercado dos veículos de passageiros importados atingiu 15,8%, e as pessoas na faixa dos 30 anos emergiram como os maiores compradores, respondendo por 38% do total de carros importados adquiridos.

BENEFÍCIO FISCAL

A alta nas vendas também foi empurrada pelos benefícios fiscais a veículos para uso no trabalho. Dados do setor mostram que 70% dos modelos mais caros de montadoras como Bentley, Porsche e Rolls-Royce são comprados em nome de empresas.

"A Coreia do Sul se tornou um dos mercados mais importantes para as marcas de luxo, dado seu potencial de crescimento", disse Kevin Kang, vice-presidente de operações de uma concessionária que representa as marcas de luxo britânicas Aston Martin e McLaren, inaugurada no ano passado em Gangnam, bairro rico de Seul.

Embora a Coreia do Sul seja o 11º maior mercado mundial de automóveis, ela está entre os quatro líderes na compra de modelos de luxo procurados, como o Audi A8 e o Mercedes-Benz Classe S.

A Bentley Motors vendeu mais carros na Coreia do Sul do que no Japão, no ano passado, e as vendas da marca no país subiram em 20% sobre 2014, para 387 unidades.
Em 2014, a concessionária da Bentley em Seul foi a maior vendedora mundial do modelo Flying Spur, cujo preço começa em US$ 250 mil; sua loja em Gangnam só ficou atrás da concessionária de Dubai, em faturamento.

As vendas da divisão Maserati da Fiat Chrysler na Coreia do Sul cresceram em 900% nos dois últimos anos, para o recorde de 1.200 unidades em 2015. "O país não é mais o reino da Hyundai, porque os consumidores ricos, descontentes com as marcas locais, estão buscando marcas de luxo estrangeiras para ter diferenciação", disse Andy Bae, analista sênior do grupo de pesquisa automotiva IHS.

A marca Maybach da Mercedes-Benz se provou especialmente popular junto aos sul-coreanos de altíssimo patrimônio, o que faz do país o segundo maior mercado da marca, atrás da China.

A Maybach vendeu 949 unidades na Coreia do Sul no ano passado, desde seu lançamento local em abril, e as vendas do Mercedes Classe S dobraram para 9.587.

A Coreia do Sul é o segundo mercado de mais rápido crescimento no planeta, atrás da China, entre os 20 maiores mercados da Mercedes-Benz, com média anual de crescimento de 25% a 30% nos quatro últimos anos.

Os preços baixos do petróleo também vêm encorajando os consumidores a adquirir modelos mais sofisticados.

Nem a queda na venda de importados nos dois primeiros meses deste ano, de 13%, desestimulou os fabricantes de carros de luxo, que lançaram novos modelos e estão expandindo suas redes de vendas no país.

"A Coreia do Sul agora se tornou prioridade para a expansão de nossa rede de concessionárias", diz David Kim, diretor da Rolls-Royce, para a qual a Coreia do Sul representa o terceiro mercado na Ásia. "Mas não temos o desejo de entrar no mercado de modelos de luxo fabricados em massa. Uma das qualidades que nossos clientes mais apreciam é a exclusividade."

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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