Folha de S. Paulo


Dólar sobe a R$ 3,68 por ações do BC e cenário político local; Bolsa cai

O dólar fechou em leve alta sobre o real nesta quinta-feira (24), marcando o primeira avanço semanal após quatro quedas consecutivas, reagindo à atuação do Banco Central, ao cenário político conturbado no Brasil e à alta da moeda norte-americana nos mercados externos.

O dólar avançou 0,12%, a R$ 3,6812 na venda, após subir mais de 1% e atingir R$ 3,7225 na máxima da sessão. A moeda norte-americana acumulou alta de 2,78% na semana, mas continua em baixa de 8,05% no mês.

"Aquele cenário de dólar caindo na direção dos R$ 3,50 parece menos provável agora. A trajetória pode ser de queda se o (cenário) político melhorar, mas com bastante volatilidade", disse o operador da corretora B&T Marcos Trabbold.

Após recuar abaixo de R$ 3,60 e tocar os menores níveis em seis meses, o dólar voltou a subir nesta semana com a ação do BC. A autoridade monetária fez nesta manhã leilão de swaps cambiais reversos, que equivalem a compra futura de dólares, pelo quarto dia consecutivo, após deixar a ferramenta encostada por três anos.

No entanto, o BC não vendeu nenhum contrato dos até 3 mil ofertados, levando o dólar a reduzir a alta sobre o real. O lote foi também menor do que as outras três operações. O avanço do dólar foi limitado também porque alguns operadores realizavam lucros após a forte alta da sessão passada.

O BC também reduziu pela terceira vez neste mês a oferta de swaps cambiais tradicionais –que equivalem a venda futura de dólares– para rolagem dos contratos que vencem em abril. Se mantiver até o penúltimo pregão do mês a oferta de até 2 mil contratos, contra 2,6 mil na operação da véspera, rolará pouco menos de 70% do lote total, correspondente a US$ 10,092 bilhões.

Com a venda integral desta sessão, a autoridade monetária já rolou o equivalente a US$ 6,745 bilhões, ou cerca de 67% do lote de abril.

DÓLAR
Saiba mais sobre a moeda americana
NOTAS DE DÓLAR

Por fim, a autoridade monetária fez à tarde leilão de venda de até US$ 3 bilhões com compromisso de recompra, para rolar os contratos que vencem em 4 de abril. Segundo a assessoria de imprensa do BC, a oferta equivale ao montante total que vence no mês que vem.

Muitos operadores acreditam que o enfraquecimento do dólar desagrada ao BC ao prejudicar exportadores no momento de intensa recessão e, assim, poderia afetar as contas externas do país. A autoridade monetária diz que age para mitigar a intensa volatilidade, que vem em meio a forte incerteza política.

"O BC está deixando muita gente no mercado confuso, está difícil prever o que ele vai fazer em seguida", disse o operador de um banco internacional.

Operadores citavam ainda a reunião do PMDB na próxima terça-feira, que deve decidir pelo rompimento com o governo, e a possível decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil como eventos que mantinham o quadro de cautela nesta quinta-feira, antes do feriado da Sexta-Feira Santa.

"Você não quer ficar exposto num feriado com o clima como está", explicou o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

A alta do dólar nesta sessão refletia também expectativas de aumentos de juros nos Estados Unidos neste ano, após o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, se juntar a outras autoridades do banco central norte-americano que destacaram as chances de pelo menos duas elevações neste ano, com a primeira talvez até em abril. Segundo Bullard, uma alta de juros "pode não estar longe".

Juros mais altos nos EUA podem atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em economias emergentes, como o Brasil.

BOLSA

O principal índice da Bovespa fechou em leve queda nesta quinta-feira (24), véspera de feriado, depois de devolver quase todo o recuo registrado pela manhã, conforme as ações da Vale firmaram-se no azul e ajudaram a compensar a pressão negativa de bancos.

O quadro político doméstico seguiu no centro das atenções e adicionou volatilidade no pregão brasileiro, com incertezas no front externo corroborando o viés mais cauteloso nas operações locais.

De acordo com dados preliminares, o Ibovespa caiu 0,15%, a 49.616 pontos. Na mínima, recuou 1,8%, abaixo de 49 mil pontos. O volume financeiro somava R$ 5,27 bilhões, novamente abaixo da média do mês, de R$ 9,8 bilhões.

A Ibovespa acumulou queda de 2,36% nesta semana, e quebrou uma sequência de cinco semanas de ganhos, ainda de acordo com dados pré-ajuste.


Endereço da página:

Links no texto: