Folha de S. Paulo


Ataques em Bruxelas derrubam Bolsas globais; dólar sobe

O sentimento de aversão ao risco predomina nos mercados globais nesta terça-feira (22), em função dos ataques em Bruxelas. No Brasil, o dólar subia ante o real nesta manhã e o Ibovespa operava em baixa, com os investidores acompanhando também a deflagração de mais uma fase da Operação Lava Jato e os novos capítulos da crise política.

Após atingir a cotação máxima de R$ 3,65 nesta sessão, a moeda americana à vista perdeu fôlego e subia há pouco 0,10%, a R$ 3,6087, enquanto o dólar comercial operava estável, a R$ 3,6100. Em outros mercados, como a Europa, o dólar ganhava terreno, em reação aos ataques em Bruxelas.

Atentados no aeroporto e no sistema de metrô de Bruxelas deixaram ao menos 31 mortos na Bélgica, causando o fechamento da capital belga e o aumento do alerta de segurança em toda a Europa. Ao menos um dos ataques foi lançado por um homem-bomba.

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Além disso, no campo doméstico, o Banco Central realizou mais cedo leilão de swap cambial reverso (que equivale à compra de dólares) nesta manhã com os contratos que não foram leiloados na operação desta segunda-feira. Dos 14.500 contratos remanescentes, foram leiloados 10.000, no montante total de US$ 495 milhões. Na véspera, foram leiloados 5.500 contratos de um total de 20.000.

Para a equipe de análise da Lerosa Investimentos, a operação mostra a real intenção da autoridade monetária de enxugar esse tipo de contrato o quanto antes, aproveitando a liquidez internacional favorável para os emergentes.

"Depois que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) mostrou que a alta de juros por lá será gradual e restrita a mais duas elevações neste ano, o fluxo para a moeda americana caiu e o real passou a ser demandado em função da possibilidade de impeachment (da presidente Dilma Rousseff)", explica a Lerosa, em relatório.

A corretora destaca que o BC tende a comprar o dólar futuro via swap cambial também no intuito de conter a queda rápida da moeda em função do cenário político. "Quedas acentuadas do dólar passam a serem menos prováveis, embora não mude a tendência caso se confirme a saída do PMDB e PP da base do governo."

Segundo operadores, o mercado já precificou a saída da presidente Dilma Rousseff do poder. Enquanto isso, a Operação Lava Jato deflagrou mais uma operação nesta terça-feira. Denominada "Xepa", a 26ª fase da operação mira executivos da Odebrecht e doleiros e investiga uma suposta estrutura interna na empreiteira para pagamento de propinas em setores, inclusive relacionadas à Petrobras.

No mercado de juros futuros, o movimento é de baixa, refletindo estimativas de menores pressões inflacionárias neste ano e também o cenário político. O contrato de DI para janeiro de 2017 recuava de 13,780% para 13,755%; o contrato de DI para janeiro de 2021 caía de 13,860% para 13,730%.

O CDS (credit default swap), espécie de seguro contra calote e indicador da percepção de risco do Brasil, subia pelo segundo dia seguido. Há pouco, avançava 1,33%, para 375,503 pontos.

BOLSA

O Ibovespa operava em baixa de 0,24%, aos 51.048,32 pontos, seguindo as Bolsas globais. As ações preferenciais da Petrobras recuavam 1,48%, a R$ 7,94, mas subiam 0,58%, a R$ 10,31 nas ordinárias, apesar do prejuízo recorde registrado pela estatal em 2015. Na abertura da sessão, os papéis PN chegaram a cair quase 3% e os ON perdiam cerca de 2%.

A estatal fechou 2015 com prejuízo de R$ 34,836 bilhões, com forte impacto dos efeitos da queda do preço do petróleo em suas operações. O resultado reflete a baixa de R$ 49,748 bilhões no valor dos ativos da empresa decorrente da nova realidade de preços e do aumento do risco-Brasil, em função da perda do grau de investimento.

Os preços do petróleo mostram sinais divergentes nesta sessão: em Londres, o Brent perdia 0,12%, a US$ 41,49 o barril; nos EUA, o WTI avançava 3,53%, a US$ 41,32 o barril.

As ações da Vale subiam, apesar da queda do preço do minério de ferro na China, com ganho de 0,62% na PNA, a R$ 11,27, e de 1,38% na ON, a R$ 15,36.

No setor financeiro, a maioria dos papéis operava em baixa: Itaú Unibanco PN (1,65%); Bradesco PN (-0,39%); Banco do Brasil ON (-1,01%); Santander unit (+0,23%) e BM&FBovespa ON (+0,32%).

EXTERIOR

A busca por ativos mais seguros, como o dólar e o ouro, em função dos atentados em Bruxelas, fazia as Bolsas globais operarem no terreno negativo, mesmo com indicadores econômicos positivos divulgados nesta terça-feira.

O índice de gerentes de compras (PMI) composto da zona do euro subiu para 53,7 em março, de 53,0 em fevereiro, atingindo o maior nível em três meses, segundo dados preliminares da pela Markit Economics. O resultado veio acima das expectativas de analistas, que previam leve queda do indicador, a 52,9.

Na Europa, a Bolsa de Londres caía 0,02%; Paris, -0,53%; Frankfurt, -0,26%; a de Madri, -0,72%; e Milão, -0,81%.

Em Nova York, o índice Dow Jones caía 0,14% e o S&P 500, -0,16%, mas o Nasdaq avançava 0,16%.

As Bolsas chinesas fecharam em baixa nesta terça-feira, pressionadas pela venda generalizada de papéis do setor financeiro.


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