Folha de S. Paulo


Indústria pressiona governo para evitar perda de R$ 1 bi com Abengoa

A indústria de equipamentos elétricos está pressionando o governo para evitar perder cerca de R$ 1 bilhão em contratos devido à quebra da Abengoa.

Segundo as empresas, muitos dos equipamentos já tinham sido produzidos e só estavam esperando para serem entregues.

No entanto, com a paralisação de todas as obras da empresa espanhola no Brasil, o risco é de ficar com esse material encalhado.

A associação dessas indústrias, a Abinee, está percorrendo ministérios e o Congresso em busca de apoio à causa.

Na última semana, visitaram o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), presidente da comissão de infraestrutura da casa, para tentar viabilizar uma pressão sobre o Ministério de Minas e Energia (MME).

Também visitaram o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro.

Porém, os representantes da Abinee não têm encontrado bons ouvidos para as reclamações.

Garibaldi pediu para que mobilizassem mais senadores para que fosse aberta uma audiência pública com alguma relevância, para a qual seria chamado algum representante do MME. O objetivo seria criar uma espécia de câmara de arbitragem, para que uma saída conjunta fosse negociada.

"Não há muito o que fazer além disso e ainda não recebi um retorno sobre quantos senadores eles conseguiram falar", diz o senador.

A Abinee ainda não conseguiu essa mobilização e agora parte para um negociação direta no ministério.

Quinta-feira (8), a associação se reunirá com o secretário-executivo, Luiz Eduardo Barata, para pedir que o ministério não anule as concessões, o que faria os contratos virarem pó.

"Há casos de que, uma única empresa, possui cerca de R$ 300 milhões em equipamentos contratados pela Abengoa. O que ela fará se esse contrato deixar de existir?", questiona Humberto Barbato, presidente da Abinee.

A Folha apurou que, no ministério, a área jurídica tenta encontrar uma saída que beneficie a todos, menos à Abengoa.

Há duas opções à mesa: ou se retiram as concessões da Abengoa e se promovem novas licitações, mas com a exigência de manter os contratos firmados pela espanhola, ou se vendem os ativos com contratos e tudo.

O governo já possui duas propostas na mesa, conforme a Folha revelou. Uma da canadense Brookfield, por todas as concessões da Abengoa, e outra da chinesa State Grid, pelos empreendimentos que estão mais avançados.

Com nenhum dos interessados foi discutida a possibilidade de repassar os contratos com fornecedores brasileiros às possíveis novas concessionárias.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

Em dezembro de 2015, a Abengoa entrou com um pedido de recuperação judicial na Espanha devido ao alto endividamento da matriz.

Desde então, paralisou as obras no Brasil e demitiu a maior parte dos trabalhadores que estavam envolvidos na construção dos empreendimentos.

No país, além das concessões de linhas de transmissão, a companhia também detém duas plantas de cogeração -quando se produz dois tipos de energia, uma parte elétrica e outra térmica, utilizada no aquecimento ou resfriamento de edifícios- e um hospital em Manaus (AM).


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