Folha de S. Paulo


Nos EUA, empresas criam formas criativas para reter funcionários

O pesadelo da empresária Samantha Martin tipicamente começa com uma conversa no chat.

"Acontece em uma quarta-feira, quando um dos meus empregados pergunta se podemos conversar", diz a dona da Media Maison, uma pequena companhia de relações públicas em Nova York, nos Estados Unidos.

"A pessoa diz que não estava procurando emprego, mas ainda assim recebeu uma proposta. No meu ramo, se um concorrente oferece US$ 5.000 um funcionário que era fiel pode sair."

Nancy Borowick/The New York Times
Samantha Martin (dir.) conversa com uma de suas funcionárias na agência Media Maison, em Nova York
Samantha Martin (dir.) conversa com uma de suas funcionárias na agência Media Maison (EUA)

Já que perder qualquer um de sua equipe de 14 funcionários prejudica o trabalho, Martin tenta ser pró-ativa.

Ela conversa regularmente com os empregados, ajuda novos contratados com dinheiro para o aluguel, é generosa com os cargos e promoções e oferece benefícios que variam de assistência educacional a viagens gratuitas a qualquer lugar do planeta para quem trabalha lá há ao menos três anos.

O mais recente contemplado foi a Paris, na França.

"Não temos plano de aposentadoria e nem sempre podemos oferecer salário alto. Por isso, me vejo forçada a pensar o tempo todo sobre como manter minha equipe."

DEMISSÕES EM ALTA

Dados do Serviço de Estatísticas do Trabalho dos EUA apontam que o número de demissões voluntárias subiu em 2015 e o cenário é mais grave nas pequenas empresas.

Naquelas com menos de dez funcionários, 1,8 milhão de pessoas deixaram seus empregos entre janeiro e maio, uma alta de 34% em relação ao mesmo período de 2014.

Em companhias com 10 a 49 funcionários, esse número subiu 12% no mesmo período. Já nos empreendimentos com entre 50 e 249 funcionários, o aumento foi de 9%.

Colin Darretta sabia ao fundar a WellPath Solutions, no ano passado, em Nova York, que não seria capaz de concorrer com o Google ou Uber em termos de salário.

Ao buscar pessoal para sua empresa de produtos nutricionais personalizados, ele ignorou as universidades de elite e contratou um desenvolvedor formado pela App Academy, em Nova York.

Ele faz questão de conversar pessoalmente com os seus dez funcionários e tenta aproveitar seus interesses pessoais para oferecer diferenciais. Ele já levou dois empregados entusiastas dos videogames a um evento do jogo "League of Legends".

"Outras empresas podem oferecer salário melhor, mas não a mesma flexibilidade", afirma Darretta.

Amy Baxter, médica de Atlanta que fundou a MMJ Labs em 2006, tem seis funcionários com alta graduação apesar do orçamento minúsculo. Ela desenvolveu o Buzzy, um aparelho portátil que usa o frio e vibrações para aliviar dores causadas por doenças como síndrome do túnel carpal.

Baxter diz que a flexibilidade e a transparência são seus diferenciais. Sua gerente de produção passou os primeiros anos na empresa encaixando seu horário de trabalho no cronograma de tratamento médico da filha.

Programas como jantares regulares da equipe e um cruzeiro ao Caribe para os funcionários e suas famílias (em celebração por 25 mil aparelhos vendidos) também ajudam.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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