Folha de S. Paulo


Fundador do Instagram, brasileiro diz estranhar sua popularidade no app

Cofundador do Instagram, o brasileiro Mike Krieger deve se sentir muito mais confortável por trás da câmera do que encarando a lente. O feed de Krieger no aplicativo de filtros fotográficos usado por 400 milhões de pessoas em todo o planeta é dominado por Juno, seu cão montanhês.

Já o presidente-executivo do Instragam, Kevin Systrom, não é tímido –ao menos no que tange a selfies. Ele aparece assistindo a desfiles de moda ou com Jamie Oliver, o famoso cozinheiro britânico.

O papel "menos glamoroso" de Krieger na companhia se resume em comandar a parte técnica do serviço, em lugar de servir como rosto e dirigente da empresa.

"Com as personalidades que temos, acho que estamos bem adaptados aos papéis que terminamos desempenhando", disse Krieger em recente conferência em Dublin. "A brincadeira que faço com Kevin é que o verdadeiro motivo de termos conseguido trabalhar juntos por cinco anos é que nenhum de nós quer o trabalho do outro."

Peter DaSilva - 27.mai.2011/The New York Times
Mike Krieger (esq.) e Kevin Systrom, fundadores do Instagram
Mike Krieger (esq.) e Kevin Systrom, fundadores do Instagram

ASCENSÃO

Krieger nasceu em São Paulo, onde seu pai trabalhava para um grupo multinacional de bebidas canadense. Quando criança, viveu em Portugal, Argentina e Estados Unidos, devido ao emprego paterno. Aos seis, o pai comprou o primeiro computador.

O interesse dele em computação o levou à Universidade Stanford, na Califórnia. Aos 18, ele começou a estudar "sistemas simbólicos", curso feito também por Marissa Mayer, presidente-executiva do Yahoo, e Reid Hoffman, cofundador do LinkedIn. A matéria analisa como as pessoas respondem às máquinas.

A influência da disciplina pode ser percebida no design do Instagram, lançado na App Store, da Apple, em outubro de 2010. Simples e sem grande feito tecnológico, o app oferece filtros que embelezam imagens.

Mas isso foi suficiente para atrair a atenção de Mark Zuckerberg, cofundador do Facebook, que em abril de 2012 comprou a empresa de 13 funcionários e faturamento zero por US$ 1 bilhão. O Instagram agora tem mais de 250 funcionários e opera como unidade separada do Facebook. A influência da rede social sobre seu modelo de negócios, no entanto, é clara.

RECEITA

Em 2013, o app introduziu um sistema on-line de publicidade nos feeds dos usuários do Instagram. Analistas estimam que o app possa gerar faturamento entre US$ 1,2 bilhão e US$ 2 bilhões em 2016.

Varejistas desejam que o Instagram vá além, e acreditam que possa se tornar uma loja on-line. Krieger diz que isso é improvável num futuro próximo, ainda que a empresa busque maneiras inteligentes de anunciar produtos.

Segundo Krieger, o fato de seu trabalho não atrair atenção é uma "benção". Ele prefere levar uma vida mais privada, mesmo no Instagram.

"Cerca de 200 mil pessoas me seguem, o que é esquisito", ele diz. "Não sou celebridade. Preocupo-me mais agora com o que faço e posto. Meu cachorro pode ser a persona pública da conta".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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